| 15/08/2005 10h07min
Pela primeira vez desde que a crise política começou, os partidos de oposição se reunirão hoje, no gabinete da Liderança do PFL no Senado. Já existe consenso de que não é o momento de se falar em impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e de que é preciso dar prioridade às investigações nas CPIs instaladas no Congresso.
O encontro deve alinhar o discurso dos oposicionistas, mas não será conclusivo. O pequeno PSOL da senadora Heloísa Helena (AL), por exemplo, defende uma consulta à população, aproveitando o referendo sobre o desarmamento, sobre a antecipação das eleições de outubro de 2006. Uma idéia até agora sem respaldo dos grandes partidos, o PSDB e o PFL.
– A antecipação de eleições é tão precipitada como falar em impeachment, porque também rompe regras. O Brasil deve aprender a ir até o fim da linha – avalia o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
O PDT vai reunir o conselho político do partido só na quarta, mas o senador Jefferson Péres (AM) também vai levar à reunião da oposição a idéia de antecipar em seis meses as eleições para presidente, deputado federal e senador. Para Péres, o caminho do impeachment é traumático. Outra opção, diz, é a de manter o presidente no cargo à frente de um governo fraco, independentemente de cassações de mandatos parlamentares.
– O terceiro caminho seria antecipar as eleições, respaldado pelo povo na consulta que aproveitaria o referendo do desarmamento. Se o povo diz não, dá fôlego ao presidente. Se diz sim, a crise diminui – afirma Péres.
O PV, que se reuniu no sábado para debater a crise, vai sustentar no encontro que a palavra impeachment não seja mencionada, se não houver um suporte legal e popular.
– Sem isso, é dar ao governo a chance de ser vítima, que é tudo o que precisa nesse momento –diz o deputado Fernando Gabeira (RJ).
O líder do PFL, senador José Agripino Maia (RN), anfitrião do encontro, vai pedir apoio dos partidos a uma representação à Procuradoria Geral da República ou ao Tribunal Superior Eleitoral para reabrir as contas da campanha de Lula em 2002. Outra preocupação do senador é a paralisia do governo e do Congresso, particularmente da Câmara, onde os líderes governistas estão sob suspeita nas CPIs dos Correios e do mensalão.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem, no velório do presidente do PSB, Miguel Arraes, que a discussão sobre a hipótese de impeachment de Lula não é adequada agora.
–Essa discussão do impeachment só pode prejudicar as investigações. O caminho mais correto é aprofundar as investigações –disse o governador, que se encontrou com Lula numa sala no Palácio do Campo das Princesas, onde foi o velório.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje com os ministros da coordenação de governo - o "gabinete de crise" - para analisar duas propostas: um novo pronunciamento à nação e a convocação do Conselho da República. Apesar de ter feito um discurso de dez minutos na abertura da reunião ministerial de sexta-feira passada, onde disse estar se sentindo traído e pediu desculpas à população, Lula sofre pressões de ministros e assessores para que fale de novo ao público desta vez em cadeia de rádio e televisão.
As informações são da Agência O Globo.
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