| 28/06/2005 12h13min
O advogado Joel Santos Filho, ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), aparenta nervosismo durante o seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios. No início de sua exposição, relatou hoje que sua mulher lhe deu calmante antes de ir à CPI. O advogado está envolvido na gravação da fita em que o ex-chefe do Departamento de Contratação de Material da ECT, Maurício Marinho, aparece recebendo propina de R$ 3 mil.
– Minha vida está completamente aberta – disse, em referência a uma possível quebra de sigilo bancário e telefônico.
Ele contou que, para conhecer Marinho, inventou para sua secretária a história de que representava um grupo de multinacionais. Disse que, em conversa com Marinho em sua sala, de portas abertas, afirmou que o interesse do grupo de multinacionais era o de fornecer material para empresas públicas, em especial para os Correios.
Joel Santos Filho informou que esteve quatro vezes com Marinho, mas na segunda vez já foi para gravar, segundo relatou à CPI. Disse que queria fazer apenas um favor para o empresário Arthur Waschek, dono da Coman e da Vetor, que pediu a gravação e que teria contado a ele que Marinho iria entregar tudo, pois falava demais e não era honesto.
O advogado contou à CPI detalhes de como foi feita a gravação, da utilização da câmera e de seu contato com Jairo Martins, que montou o equipamento e o ajudou a operar a pasta contendo os dispositivos para a gravação.
Santos explicou o motivo de ter realizado três gravações. Na primeira tentiva nada havia sido registrado por problemas técnicos. Já na segunda, o conteúdo seria inócuo, conforme avaliação de Arthur Wascheck Neto, um dos donos da empresa Comam (Comercial Alvorada de Manufaturados), que fornecia material de saúde e informática para os Correios.
Joel dos Santos afirmou que Maurício Marinho, no primeiro encontro que tiveram, relatou como era feito o “esquema de licitação”. O trabalho seria feito antes da elaboração do edital.
Santos afirmou que só ficou sabendo através da imprensa do vazamento das informações. Por diversas vezes, Santos pareceu se perder em seu depoimento. Ao tentar retomar o fio da meada, dizia:
– Ai gente – e depois se corrigiu chamando os parlamentares de senhores.
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