| 11/04/2005 20h34min
A violência que matou centenas de pessoas no Haiti desde setembro pode retardar a eleição presidencial prevista para novembro, disse nesta segunda, dia 11, a comissão eleitoral do país.
Rosemond Pradel, secretário-geral da entidade, disse que os preparativos já estão atrasados por causa da ação de quadrilhas, da intimidação cometida por ex-soldados e do ambiente geral de desrespeito à lei.
– Se medidas urgentes para melhorar a situação de segurança não forem tomadas, haverá consequências sérias e negativas para o cronograma eleitoral – disse Pradel à Reuters.
O Haiti vive mais de um ano de graves turbulências, que levaram à fuga do presidente Jean-Bertrand Aristide, hoje exilado na África do Sul, em fevereiro de 2004. A nomeação de um governo interino, apoiado pelos Estados Unidos e pela França, e a presença de tropas de paz da ONU lideradas pelo Brasil não melhoraram a situação do país, o mais pobre das Américas.
Grupos favoráveis e contrários a Aristide se enfrentam a tiros freqüentemente. A polícia é acusada de violação aos direitos humanos, muitos aliados importantes de Aristide foram detidos sem acusação durante meses, e os 7 mil soldados comandados pelo Brasil não conseguem restaurar a ordem.
Pelo menos 650 pessoas morreram desde setembro, segundo várias entidades de direitos humanos. Embaixadores do Conselho de Segurança da ONU fazem nesta semana uma viagem especial ao Haiti para avaliarem o andamento da missão da entidade. De passagem por Miami nesta segunda, o primeiro-ministro interino Gerard Latortue disse que se trata "apenas de uma visita". Ele elogiou a tropa de paz por "estar fazendo um trabalho melhor agora".
No fim de semana, policiais haitianos e da ONU mataram o ex-comandante militar Remissainthe Ravix, que ajudou a derrubar Aristide, mas se voltou contra o novo e governo ao ver rejeitadas suas exigências para que as Forças Armadas do país fossem recriadas. O chefe de uma quadrilha aliada de Ravix, Jean Anthony René, também foi morto.
O chefe de gabinete do presidente interino Alexandre Boniface, Michel Brunache, disse que as autoridades se impuseram um prazo até o final de abril para que haja segurança adequada para a realização de eleições limpas. Segundo ele, os incidentes do fim de semana marcaram o começo dessa campanha.
As informações são da agência Reuters.
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