| 11/01/2005 10h51min
A anulação total, imediata e incondicional da dívida pública externa dos países afetados pelo tsunami será proposta na quinta edição do Fórum Social Mundial (FSM), que ocorre de 26 a 31 de janeiro, em Porto Alegre. As nações atingidas pelas ondas gigantes acumulam uma dívida de US$ 272 bilhões.
O cancelamento da dívida será debatido por organizações sociais como a Rede Jubileu Sul e o Comitê pela Anulação da Dívida Externa do Terceiro Mundo (CADTM), no espaço temático Paz e desmilitarização – Luta contra a guerra, o livre comércio e a dívida. As entidades discutirão ainda a criação de um Observatório Internacional da Dívida Externa, que lançaria campanhas para abolir a dívida dos países pobres, além de analisar ações do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e governos credores.
No dia 29 de janeiro, será lançada a Assembléia dos Países Credores da Dívida Social e Ecológica. Rosilene Wansetto, da coordenação da Rede Jubileu Sul, organização que integra o Comitê Internacional e o Comitê Organizador Brasileiro do FSM, explica que a proposta seria "uma solução definitiva, que é o cancelamento dos débitos”.
– O que acontece é que a necessidade de pagar os juros faz com que ecossistemas sejam destruídos cada vez com maior rapidez. Sem falar que os recursos transferidos para o mundo desenvolvido deveriam ser utilizados para saldar a dívida social acumulada ao longo do tempo. Com isso, podemos dizer que os povos do Terceiro Mundo são credores de uma dívida social e ecológica junto ao mundo desenvolvido, afirma o cientista político e economista Eric Toussaint, que preside o CADTM, com sede em Bruxelas, na Bélgica.
A iniciativa em relação às nações atingidas pelo maremoto integra campanha mundial pelo cancelamento da dívida pública externa dos países de Terceiro Mundo.
– A dívida total dos países pobres bate na casa de US$ 1,6 trilhão. Em 2004, esses países transferiram US$ 300 bilhões para o mundo desenvolvido apenas no pagamento de juros e serviços – diz Toussaint.
Outra proposta que estará em pauta é a auditoria da dívida do Terceiro Mundo. Para a Rede Jubileu Sul, a medida deverá demonstrar que os países pobres já pagaram seus débitos várias vezes e tornaram-se, na verdade, credores do mundo desenvolvido, em função dos juros e serviços.
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