| 28/09/2004 23h10min
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aguardar a votação do projeto de Lei de Biossegurança para regular definitivamente a questão do plantio de transgênicos gerou mal-estar no Rio Grande do Sul.
O governador em exercício do RS, Antonio Hohlfeldt, divulgou uma nota dizendo ter recebido com "surpresa e perplexidade" o anúncio da decisão do governo federal em não reeditar qualquer medida provisória a respeito dos plantio de transgênicos, contrariando posição antecipada pelo presidente ao governador Germano Rigotto em audiência no Palácio do Planalto, dia 17 de setembro – decisão que provoca "insegurança e descrença".
Segundo a nota, o governo gaúcho "lamenta a decisão entendendo que ela prejudica muito mais o Brasil do que o próprio Estado do Rio Grande do Sul" pois "contraria mais os interesses dos brasileiros em geral do que o dos próprios produtores rurais". O governo do Estado do RS mantém a expectativa de que o presidente reavalie a decisão e vai buscar articular-se com outros governadores e lideranças, a fim de reverter a situação.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Ezídio Pinheiro, também se manifestou, dizendo que os produtores vão plantar soja ilegal. Pinheiro não acredita que o Congresso consiga votar a matéria antes do início do plantio da soja marcado para segunda, dia 4.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, se mostrou surpreso ante à mudança de posição do governo federal, diante do aceno de concordância dos produtores com o projeto de lei de Biossegurança, feita pelo Senador Ney Suassuna.
– O calendário agrícola diz que o plantio da safra está começando, tanto para os gaúchos como para os produtores do Brasil inteiro, e o que mais incomoda é esta polemização em torno de um tema que já estava resolvido – afirmou Sperotto.
Segundo Sperotto, o período de safra está sendo atropelado pelo calendário eleitoral. Ele disse ainda não acreditar que “as lágrimas de Marina (Silva, ministra do Meio Ambiente) valham mais do que a ansiedade e as lágrimas dos produtores, que são responsáveis por US$ 25 bilhões do superávit na balança comercial”.
Ao ser questionado sobre as punições que podem sofrer os produtores, Carlos Sperotto afirmou não acreditar que as mesmas aconteçam, pois confia na edição da Medida Provisória.
Até mesmo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, foi surpreendido o recuo de Lula. A decisão seria uma vitória da ministra na queda de braço entre ruralistas e ambientalistas. Rodrigues disse que ficou sabendo da decisão pela imprensa. O ministro disse acreditar em uma solução na próxima semana, "com ou sem a edição de uma medida provisória".
O presidente do Senado, José Sarney, já assegurou às lideranças do governo que o projeto de Biossegurança será o primeiro a ser votado. O entrave no Congresso, porém, é que o texto precisa voltar para a Câmara dos Deputados, onde 16 medidas provisórias estarão trancando a pauta.
Com informações do governo do RS, Farsul, Rádio Gaúcha e Zero Hora.
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