| 19/07/2003 13h16min
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, pediu neste sábado, dia 19, o fim das especulações envolvendo a morte de um cientista no centro de um debate sobre a guerra do Iraque, mas o caso obscurece o início de seu tour pela Ásia. A morte do biólogo integrante do ministério da Defesa, David Kelly, cujo corpo foi encontrado nesta sexta, causou uma tempestade política na Grã-Bretanha e levantou questões sobre a forma como o governo agiu durante a discussão sobre as armas no Iraque, processo que erodiu a confiança em Blair.
Os ministros britânicos identificaram Kelly, ex-inspetor de armas da Organização das Nações Unidas (ONU), como a provável fonte da reportagem da BBC que levantou suspeitas de que o governo teria dado uma dimensão exagerada a informações dos serviços de inteligência sobre as armas letais do Iraque para justificar a guerra.
– Espero que seja possível pôr de lado as especulações, as asserções e as refutações. Enquanto isso, todos nós, políticos e imprensa, devemos mostrar respeito e moderação – disse Blair em Tóquio.
De acordo com ele, um inquérito judicial sobre a morte de Kelly, estabelecido pelo governo, deve ter seu próprio curso. Blair pronunciou essa frase com a voz trêmula em uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, depois de um encontro entre os dois em um resort a oeste de Tóquio.
Com aparência cansada e tensa, ao ser questionado por um repórter britânico se a morte estava em sua consciência, Blair disse que não se pronunciaria mais sobre o assunto até que a investigação estivesse completa. Uma pergunta sobre se pensava em renunciar não foi respondida.
A morte de Kelly, que dirigiu uma equipe de inspetores de armas no Iraque depois da Guerra do Golfo, em 1991, marcou uma virada dramática na crise política sobre o serviço de inteligência da Grã-Bretanha no período pré-guerra. As notícias sobre sua morte ainda inexplicada derrubaram a libra esterlina e estrategistas acreditam em danos maiores à credibilidade do governo, minada pelo debate das armas. A oposição pediu a renúncia de Blair, dizendo que ele exagerou no caso para a guerra.
As informações são da agência Reuters.
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