| 20/06/2003 17h43min
Durante a coletiva de imprensa concedida após o encontro com o presidente George W. Bush, Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta, dia 20, que posições ideológicas distintas não impediram que houvesse entendimento com o governante norte-americano.
De acordo com Lula, a reunião desta sexta pode estabelecer um novo marco da relação entre EUA e Brasil. Segundo ele, nunca o Brasil havia tido uma relação tão próxima com os Estados Unidos. Em seu pronunciamento, disse que pretende reforçar as parcerias entre as duas nações.
Apesar dos dois países não terem a mesma opinião sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Lula disse acreditar na possiblidade de uma negociação. No entanto, salientou, que nas discussões bilaterais não podem prevalecer os interesses apenas de um país. Sobre a relação entre parceiros díspares, comentou que cabe ao país mais forte ter generosidade com as nações mais frágeis.
O presidente também defendeu a liderança do Brasil nas negociações para fazer valer os interesses dos países emergentes. Segundo ele, o Brasil tem um forte papel hoje no cenário mundial e vai saber usá-lo.
Lula afirmou que antes de dar palpites sobre os demais países, é preciso consertar os problemas internos. Por isso, segundo ele, foram feitas reuniões de trabalho com todos as nações da América do Sul. Ele ainda comentou que está fortalecendo suas relações com outros países e citou o convite feito pela Comunidade Andina para participar da Cúpula do bloco. Pela primeira vez, o grupo convida um país não-membro para uma reunião.
Conforme as declarações de Lula, apesar de não ter sido debatida na reunião a integração física da América Latina, ele está otimista sobre o tema. Frisou que esse assunto não poderá ser mais tratado de maneira paternalista como vinha ocorrendo até então. Segundo ele, para que haja um bloco coeso, será preciso construir infra-estrutura, e, neste sentido, os Estados Unidos poderão ter papel importante nos projetos brasileiros. Lula destacou ainda que não se consegue integração só com palavras, mas com um modelo de desenvolvimento.
Sobre o potencial econômico da América do Sul, ele afirmou que quanto mais crescer as economias dos países, mais consumidores haverá para os produtos norte-americanos e europeus. Mais uma vez, voltou a defender o combate à pobreza e à fome e falou que o Brasil não se restringe aos temas conhecidos no mundo, como carnaval e futebol. No entanto, de acordo com o presidente, cabe ao próprio país divulgar suas qualidades.
– O Brasil não é só Carnaval, futebol e criança de rua – comentou Lula sobre a necessidade de divulgar as maravilhas do país para incentivar o turismo.
Além disso, o presidente brasileiro ressaltou que, para garantir a democracia e paz no mundo, é preciso pensar no desenvolvimento das áreas mais empobrecidas. Ele disse ainda que é preciso repartir o bolo que está sendo construído pelas nações.
Lula e Bush estiveram reunidos por quse três horas na Casa Branca. Os dois chefes de Estado tiveram uma audiência privada e, depois, juntaram-se aos ministros brasileiros e norte-americanos para discutir temas específicos da agenda bilateral.
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