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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta, dia 30, durante seminário em São Paulo, que a resistência na velocidade da queda da inflação é um efeito direto da inércia inflacionária. Meirelles disse que a inflação só cairá quando as empresas adotarem a expectativa de inflação como parâmetro para a formação de seus preços, e não a inflação passada. Ele destacou as opiniões registradas na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de que há um risco de esses reajustes de preços e salários estarem ocorrendo com base na aceleração inflacionária registrada no segundo semestre do ano passado. A resistência da inflação tem sido o maior argumento do governo para a manutenção das taxas de juros em percentuais elevados – hoje em 26,5% anuais.
– Quanto mais persistente a inércia, mais rigorosa tem que ser a política monetária – afirmou Meirelles, após ouvir fortes críticas de representantes da indústria em relação às decisões sobre os juros.
Pouco antes, no mesmo evento, o diretor do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Faldini, fez fortes objeções à política monetária do governo.
– Essa é uma história que se repete de forma monótona. O nível de juros é incompatível com a atividade produtiva – comentou Faldini.
Para o diretor da Fiesp, não faz sentido o governo mirar uma meta de inflação de 8,5% neste ano, enquanto alguns preços administrados e de commodities têm reajustes acima de 20%.
Durante o evento, Meirelles admitiu que o remédio usado pelo governo para combater a inflação – os juros altos – tem efeitos colaterais, mas disse que a crise do ano passado deixou um custo que está sendo pago agora. Segundo ele, "o medicamento tem efeitos colaterais sim, mas precisa ser levado até o fim", repetindo a justificativa dada dias atrás pelo ministro da Economia, Antônio Palocci, para a manutenção dos juros. Ainda segundo Meirelles, o Brasil já está na rota de estabilização do crescimento.
O governo vem sendo fortemente pressionado por seus aliados a baixar os juros para fazer o país voltar a crescer. Mais cedo, o líder do PPS na Câmara, Roberto Freire, cobrou mudanças na política econômica e disse que não se pode mais culpar os governos anteriores pelos problemas atuais. No dia anterior, um documento assinado por 30 deputados do PT criticou os rumos da política econômica adotada pelo governo federal e as reformas da Previdência e tributária. Intitulado "Tomar o Rumo do Crescimento, Já", o texto contém críticas contundentes ao caminho adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria distante das bandeiras históricas defendidas pelo partido.
Com informações da agência Reuters e da Globo News.
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