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Palocci nega intervenção e defende ajuste severo na economia

Ministro reforçou que inflação elevada impede crescimento sustentado

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse nesta segunda, dia 26, que a decisão do Banco Central (BC) de mudar a política de rolagem da dívida atrelada ao dólar não muda "a decisão já anunciada de não fazer intervenção no câmbio". Apesar da declaração do ministro, o anúncio de que o BC pode deixar de renovar integralmente sua dívida cambial, foi entendida pelo mercado como uma "intervenção indireta" no câmbio, pois pode diminuir a oferta de dólares. O resultado foi uma alta de 3,83% na cotação da moeda, que ultrapassou novamente a barreira dos R$ 3. De acordo com Palocci, não há meta para rolagem porque ela depende das condições macroeconômicas. Para ele, nem sempre é necessário proteção cambial e o ideal é que haja proteção privada.

Ainda preocupado em minimizar as repercussões da declaração feita na última sexta pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de que o governo deu um "cavalo-de-pau" na economia, Palocci enfatizou:

– Não sei se fizemos um cavalo-de-pau, mas foi um ajuste severo.

Ele atribuiu a expressão de Dirceu ao fato de que nos últimos anos o superávit primário do governo foi alcançado com aumento da carga tributária. E este ano a meta de superávit foi aumentada para 4,25% do PIB sem aumento dos impostos e com corte de R$ 14,1 bilhões no orçamento.

Em discurso ajustado com o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Palocci voltou a defender a manutenção da taxa de juros em 26,5%, decidida na última semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ele afirmou que nenhum país registra crescimento sustentado com inflação elevada. De acordo com ele, os altos juros e prêmios de risco que o governo paga hoje na dívida resultam de erros cometidos no passado.

Em discurso na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o ministro da Fazenda também deu esclarecimentos sobre o andamento das reformas enviadas ao Congresso. Palocci disse que "em questões complexas como a reforma tributária, ou se dá um passo após outro passo, ou nenhum passo será dado como nos últimos dez anos". De acordo com ele, é por essa razão que pontos importantes não estão tratados neste projeto de reforma tributária, como a questão da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na origem ou no destino.

Palocci também falou sobre a necessidade de o país controlar a inflação e honrar seus compromissos, de forma a garantir às próximas gerações um país com credibilidade:

– Precisamos reunir as condições para que o Brasil, com suas riquezas, forte economia e povo trabalhador não deixe que se repita a história do ano passado, quando nossos credores acharam que o Brasil não cumpriria seus compromissos.

 
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