| 12/01/2008 12h45min
As atenções do calcio italiano estarão voltadas neste domingo para o estádio de San Siro, em Milão. Mais especificamente para a camiseta de número 7 da equipe do Milan, vestida por um jogador de apenas 18 anos, originário de Pato Branco (PR), de 1m80 de altura e 71kg de peso. Alexandre Rodrigues da Silva Pato, revelado no Internacional, faz, depois de meio ano de espera, sua aguardada estréia oficial em seu novo time e no campeonato italiano, contra o Napoli, às 20h30min (17h30min horário de Brasília).
O precoce talento levou o craque brasileiro, aos 17 anos, a trocar Porto Alegre e a segurança familiar para desembarcar solitário na desconhecida Milão, cidade de 1,6 milhão de habitantes ao norte da Itália. Ainda um recém-chegado ao Velho Mundo, aos poucos ele vai se habituando à nova realidade, mas sem perder de vista suas origens.
— Acho Milão muito parecida com Porto Alegre. A maior diferença para mim aqui mesmo foi a língua. Mas o pessoal comenta que meu italiano
já melhorou bastante —
diz, em entrevista a Zero Hora em Milão, a caminho do campo de treinamentos do Milan, para concentrar para o jogo contra o Napoli.
Para se aperfeiçoar no idioma local, ele segue com disciplina um intensivo curso de italiano, que tem lhe permitido comunicar com os milaneses e mesmo a arriscar entrevistas no idioma local.
— Esta semana tive aula de italiano três vezes, cada uma entre uma hora e meia e duas horas de duração. Quando dá tempo, sempre tô fazendo aula.
Fora a nova língua, Pato diz que faz em Milão exatamente as mesmas coisas que fazia em Porto Alegre.
— Saio para jantar fora, vou na casa de amigos jogar videogame.
Sua mais assídua companhia fora de campo tem sido o gaúcho Émerson, seu colega no Milan.
— Me dou muito bem com todos os jogadores, mas a pessoa com quem mais saio mesmo é o Émerson.
Foi o ex-jogador do Grêmio quem apresentou ao novato na cidade a
Churrascaria Berimbau, no número 43 da Via Marghera, para matar as saudades de casa.
No controle dos espetos de carne na cozinha está Rogério, assador de Nova Bréscia, há 14 anos em Milão.
— Pato gosta de picanha. Mas pouco, ele não é de comer muito, não — conta.
A casa tem como clientes ainda outros jogadores do Milan.
— Kaká veio uma vez. Serginho, Dida também aparecem — diz o proprietário, o italiano Fabio, que abriu a churrascaria há cinco anos.
Pato ainda não estreou no Milan mas já é estrela em Milão. Nas vezes em que esteve na Berimbau, foi solicitado a dar autógrafos por todos os demais clientes, italianos e brasileiros.
— Mesmo que ainda não tenha jogado, ele é reconhecido por todos — diz Fabio, que considera Pato uma pessoa tranqüila, "gente fina", simples e muito educada.
Outro restaurante freqüentado pela dupla Émerson-Pato é o Giannino, no número 6 da Via Vittor Pisani, com uma conta em torno de 60-70 euros. Fundado em 1899, o local caiu
nas graças do patrão do Milan, Silvio Berlusconi, e ao longo do tempo se tornou um
tipo de QG do clube, para dirigentes e jogadores. Brasileiros do Milan como Cafu e Dida costumam comemorar aniversários no local.
— O Pato aqui só come massa, massa, massa. Ele gosta de spaghetti alla chitarra — conta um dos garçons da casa, que se diz amici do craque brasileiro.
Lorenzo, um dos sócios-proprietários do Giannino, já virou fã de Pato:
— Ele é um jogador perfeito para o futebol europeu, mistura o talento brasileiro com a força européia na busca do gol. Ele vai dar muito certo aqui.
Quando não está jantando com Émerson, Pato tem uma rotina bastante tranqüila. Nos dias em que não há treino pela manhã, acorda entre as 10h-10h30min, vai para o treino à tarde em Milanello, a quase 40 quilômetros de Milão, volta para casa, descansa ou sai para jantar, navega na internet e vai dormir. Quando há treino pela manhã, vai cedo para Milanello e almoça lá mesmo.
Saudades de casa e do Brasil?
— Saudade tenho um pouco, mas estou conseguindo viver minha vida aqui
normal. Agora começa tudo novo aqui para mim, mas está sendo bem tranqüilo. Tenho agora uma casa, um amigo que mora comigo e mais a mãe dele.
Pato mora em um dos confortáveis apartamentos dos inúmeros prédios do luxuoso e reservado condomínio da Via Ippodromo, ao lado do hipódromo e do estádio San Siro, afastado do centro da cidade. Lá é o endereço também de outros jogadores do Milan e do rival Inter. No mesmo condomínio vivem Cafu, Serginho ou Digão, irmão de Kaká.
O amigo com quem mora é o paraguaio Cristian, que trabalha para ele. E é a mãe de Cristian não deixa eles passarem fome e cozinha boas refeições para os dois.
— Ela é uma mãe para mim aqui — diz Pato.
Na sua nova vida em Milão, Pato certamente não contava com a repentina paixão que vive com a atriz da TV Globo Sthefany Brito, 20 anos, que viajou à Itália para estar neste domingo em San Siro, torcendo pelo namorado.
— É a primeira vez que ela vem a
Milão. Eu gosto dela, ela gosta de mim, e está tudo
tranqüilo.
O empresário Gilmar Veloz aprova o relacionamento:
— Eles estão se curtindo muito e estão de bem com a vida.
Apaixonado dentro e fora do campo, Pato tem tudo para, a partir deste domingo, dar muitas alegrias aos tifosi do Milan. Mas não se esquece dos seus fiéis torcedores no Brasil:
— Espero que todo o pessoal lá em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e também no Paraná, possa assistir a partida e, mesmo estando longe, torcer para que eu apresente um bom futebol. Estou tranqüilo. Agora é ir para o jogo.
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