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 | 06/06/2007 22h49min

Funcionário da Embraer descreve vôo do Legacy após o acidente

Assessor de comunicação da empresa emocionou-se ao relatar o que aconteceu à CPI

O assessor de comunicação da Embraer, Daniel Bachmann, detalhou nesta quarta-feira à CPI do Apagão Aéreo na Câmara como foi o vôo do jato Legacy desde o choque, em setembro de 2006, com o avião da Gol até o pouso na Serra do Cachimbo, no Pará. Bachmann era um dos passageiros do jato, recém-adquirido na época pela empresa americana ExcelAire. A investigação do Senado considerou em relatório parcial os pilotos e os controladores culpados pelo choque, conforme antecipou o blog do Noblat.

No depoimento à Câmara, Bachmann afirmou que a primeira impressão dos tripulantes e passageiros no dia do acidente foi que a aeronave havia batido em uma ave ou balão meteorológico, mas as possibilidades foram descartadas pela altitude do vôo.

Após a avaria, a aeronave começou a tender o trajeto para a direita. Por isso, o piloto americano Joseph Lepore decidiu procurar um lugar para pousar. A partir de então, voaram por um grande trecho a aproximadamente 100 metros de altitude, com risco de chocar com as altas árvores da região, em busca de uma pista de pouso.

Foi Bachmann quem avistou uma pista à esquerda do avião, o que obrigou o piloto a uma série de manobras para que fosse possível pousar. Quando conseguiram, por volta das 17h20min, Bachmann foi chamado à cabine por ser o único passageiro que falava português. Só quando pousaram souberam que o local era uma base militar. Às 18h45min, foram informados pelos militares da base do desaparecimento do avião da Gol.

Nesta fase do depoimento, Bachmann se emocionou, e o presidente da CPI, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), suspendeu a sessão por cinco minutos.

Nada foi dito sobre desligamento do transponder

Os deputados da CPI queriam esclarecer por que o transponder, o equipamento que aciona o sistema anticolisão do Legacy, estava desligado. Bachman afirmou que estava no avião como passageiro, que não tem conhecimentos técnicos e que só soube que o transponder estava desligado pela imprensa.

– Não vi nenhum tipo de comentário nesse sentido sobre desligamento voluntário ou involuntário do transponder – afirmou.

O deputado Vic Pires Franco leu parte da transcrição da caixa-preta do Legacy, em que o co-piloto da aeronave pede ajuda a um vendedor da Embraer. Franco questionou Bachman se durante o vôo ele também tinha sido chamado para ajudar os pilotos. O assessor da Embraer afirmou que após o acidente todos os tripulantes da aeronave tentaram colaborar para o pouso.

– Esses diálogos ocorreram após o impacto e dentro desse ambiente de colaboração para assegurar que nós poderíamos fazer tudo para preservar as nossas vidas – afirmou.

Durante o depoimento, o relator da CPI Marco Maia (PT-RS) chegou a criticar a falta de cooperação de Bachman.

– Acho que em muitos momentos aqui vossa senhoria faltou com a verdade ou não contou tudo que sabia – disse.

Pela manhã, o presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (Appa), George William César de Araripe Sucupira, afirmou à CPI que a atitude dos pilotos do jato contrariou qualquer tipo de regulamento da aviação. Sucupira disse que não houve respeito ao plano de vôo, que não foi colocado no controlador automático do avião. Ele ressaltou que qualquer mudança no plano de vôo aprovado só pode ser feita com autorização do controle de tráfego aéreo.

Na mesma sessão, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), autor do requerimento de convocação de Sucupira, informou que pedirá também a convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para explicar à CPI o motivo do contingenciamento de recursos para o sistema de controle de tráfego aéreo. Dos R$ 614 milhões solicitados para o setor de aviação para este ano, apenas R$ 75 milhões foram liberados pelo governo.

Na terça-feira, o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, afirmou que não há nenhum indício de que tenha havido falha no transponder do jato, que é fabricado pela empresa. Ele informou que o Legacy possui um segundo transponder de segurança para o caso de o primeiro falhar e considerou "altamente improvável" o desligamento involuntário do equipamento.

AGÊNCIA O GLOBO
Otávio Praxedes / Agência Câmara

Daniel Robert Bachmann, da Embraer, estava no Legacy no dia do acidente
Foto:  Otávio Praxedes  /  Agência Câmara


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