| 19/05/2007 17h15min
Protagonistas de um dos capítulos mais dramáticos da crise aérea brasileira, os controladores de vôos saíram de cena desde que o governo devolveu à Aeronáutica a mediação das reivindicações da categoria. Na terça, eles devem voltar ao centro das atenções em depoimentos à CPI do Apagão Aéreo.
Pela manhã, comparece Jorge Botelho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Tráfego Aéreo do Rio, que representa os civis. À tarde, é a vez de Wellington Rodrigues, presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, que reúne os militares. Depois que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi afastado da interlocução com a categoria, nada mais foi discutido.
– Não há negociação nenhuma, parou tudo. O governo está calado. Tem problema e faz de conta que não existe. Faz como um avestruz, enfia a cara no chão – reclama Botelho.
Uma das causas do encolhimento dos controladores são os Inquéritos Policiais Militares (IPMs) abertos para investigar responsabilidades pela mobilização do dia 30 de março, que parou os aeroportos do país. Botelho afirma que os interrogatórios têm sido duros a ponto de abalarem psicologicamente os colegas militares.
– Eles sofrem muita pressão, depois vão operar vôo. Achamos necessário falar nisso porque as equipes envolvem civis e militares. Se eles não estão em condições, afeta também o trabalho dos demais, que ficam intranqüilos – explica Botelho.
Segundo o sindicalista, se um representante dos civis fosse alvo de uma investigação, seria afastado temporariamente das funções, ou a entidade providenciaria uma medida judicial para evitar a situação. Botelho confirmou a presença de Rodrigues na comissão, mas Zero Hora não conseguiu fazer contato com o porta-voz dos controladores militares.
Cinco aposentados já estão trabalhando em Porto Alegre
Segundo João Carlos Zagiski ex-supervisor de tráfego aéreo e diretor da Associação Resgate da Família Militar (Arfamil), a Aeronáutica está convocando controladores aposentados para trabalhar. Só para Porto Alegre, relata, já são cinco contratados entre 46 e 50 anos, com salário de R$ 3,2 mil.
Somados à remuneração da reserva, esses vencimentos garantem uma renda ao profissional ao redor de R$ 8 mil – o que é considerado um salário bem atraente. Zagiski confirma a inexistência de qualquer tratativa:
– Militar não negocia com militar. O coronel não vai discutir com cabo, sargento.
Com esse tipo de providência, argumenta, a Aeronáutica admite que existe deficiência de pessoal na atividade. Zagiski também atribui aos IPMs a parada na mobilização da categoria:
– O pessoal está esperando o desdobramento dos inquéritos. Se houver punições, talvez ocorra um movimento maior – disse.
Conforme a assessoria de imprensa da Aeronáutica, o IPM de Brasília já teve o prazo prorrogado uma vez e deve ser concluído na primeira semana de junho.
MARTA SFREDO/ ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.