O meia-atacante Iarley, do Inter, que viveu as dificuldades de uma infância pobre no Ceará, vai buscar o bicampeonato do Mundial de Clubes no próximo domingo, contra o Barcelona. Referência do time comandado por Abel Braga, Iarley sabe qual a sensação de levantar a taça de 2003, defendendo o Boca Juniors na final da então Copa Intercontinental contra o Milan.

No entanto, antes de desfrutar a glória, o meia peregrinou pelo futebol desde os 19 anos, quando deixou o Brasil. Ele começou a carreira no Ferroviário, após passagem pelo futsal cearense – atividade esta que conciliou com trabalhos como caixa de supermercado e numa fábrica de sorvetes. Um então jovem Iarley saiu de Fortaleza rumo a Foios, pequena cidade próxima a Valência, para atuar na equipe local, da categoria amadora do futebol espanhol.

Iarley brilhou e logo foi oferecido a outros clubes. Após testes no Villarreal e no Logroñés, ele acertou com o time B do Real Madrid na temporada 1996/1997. Ele trabalhou com o técnico Vicente Del Bosque, que posteriormente dirigiria e conquistaria títulos com o elenco principal, e os irmãos argentinos Esteban e Nicolás Cambiasso, entre outros jogadores que chegaram a jogar na primeira divisão espanhola.

Mas o jogador não deu certo no Real B e passou por Ceuta e Melilla, equipes da região espanhola mais próxima da África. Três anos depois, ele voltou ao Brasil. De volta aos gramados brasileiros, ele jogou por Uniclinic e Ceará, clubes de seu estado natal, antes de chegar ao Paysandu, pelo qual disputou a Libertadores de 2003. E foi justamente na eliminatória das oitavas-de-final, contra o Boca Juniors, que a sorte de Iarley começaria a mudar.

Na partida de ida, no Estádio La Bombonera, Iarley marcou o gol da vitória de 1 a 0 do Paysandu, que acabaria eliminado em casa depois. Mas sua atuação foi tão destacada que, dois meses depois, o então técnico Carlos Bianchi tinha em seu elenco o jogador, que desfrutava de sua primeira grande oportunidade aos 29 anos.

Ele chegou a vestir a camisa 10 do Boca, conquistando o Apertura de 2003 e depois a Copa Intercontinental daquele ano, após derrotar o Milan nos pênaltis após um empate em 1 a 1 no tempo normal.

Em junho de 2004, Iarley deixou o Boca Juniors para jogar no Dorados, do México. Sua presença foi decisiva para que o clube permanecesse na primeira divisão, mas divergências com o presidente do clube, após um acordo inicial de renovação, fizeram com que ele voltasse novamente ao Brasil, acertando com o Inter em junho de 2005.

AGÊNCIA EFE