| 16/11/2006 18h52min
O Boeing 737-800 da companhia aérea Gol, que caiu em setembro na floresta amazônica, se desintegrou no ar em questão de segundos depois de se chocar com o jato Legacy. A conclusão está em um relatório preliminar dos investigadores divulgado nesta quinta-feira.
As 154 pessoas que viajavam no Boeing, que voava entre Manaus e Rio de Janeiro, com escala em Brasília, morreram em 29 de setembro quando o avião se chocou a 37 mil pés de altitude com um avião executivo Legacy, que voava entre as cidades de São José dos Campos e Manaus, com sete pessoas a bordo.
– Houve possivelmente um choque entre a asa esquerda de ambos os aviões. Depois do choque o vôo 1907 ficou incontrolável para os pilotos e começou a cair. Com certeza se desintegrou no ar – disse hoje o coronel Rufino da Silva Ferreira, presidente da comissão que investiga o pior acidente da aviação brasileira.
O oficial acrescentou que a gravação das caixas-pretas do Boeing da Gol foi interrompida a uma altitude de 7,8 mil pés, provavelmente por falta de energia, o que também indica que quando o aparelho caiu ao solo já estava em pedaços.
O choque aconteceu sobre a floresta amazônica e o Boeing caiu em uma área remota do município de Peixoto de Azevedo, em Mato Grosso do Sul, enquanto os dois pilotos americanos do Legacy, fabricado pela brasileira Embraer, conseguiram fazer um pouso de emergência na base militar da Serra do Cachimbo, no Pará.
As investigações mostraram ainda que o Boeing percorreu apenas seis quilômetros entre o ponto do choque e o do impacto do nariz do avião, o que também é um indício que o aparelho se partiu no ar em poucos segundos.
– O avião (Boeing) perdeu a capacidade de vôo. A posição dos restos (espalhados em uma extensa área) indica que a aeronave se desintegrou na queda – acrescentou o chefe da comissão investigadora.
Silva Ferreira explicou que a investigação durará ainda vários meses e que o objetivo do relatório apresentado não é buscar culpados, mas mostrar os fatos que provocaram o desastre.
– Neste momento qualquer conclusão é prematura – manifestou o oficial, assinalando que os acidentes aéreos costumam ocorrer não por uma só falha, mas por um conjunto de falhas.
O chefe da comissão confirmou, no entanto, que no plano de vôo do Legacy constava que os pilotos deviam voar a uma altitude de 37 mil pés entre São José dos Campos e Brasília, depois descer mil pés até um ponto no meio da floresta amazônica chamado Teres, e depois subir a 38 mil pés até Manaus, o que a tripulação não cumpriu. O Boeing da Gol tinha em seu plano de vôo que todo o percurso devia ser feito a 37 mil pés, altitude que estava quando aconteceu o choque, enquanto o Legacy devia estar nesse momento a 36 mil pés.
– Não há registros que o Legacy tenha pedido (aos controladores de vôo) mudança de altitude após alcançar os 37 mil pés (como indicava o plano) – disse Ferreira.
Ele destacou que o vôo 1907 da Gol em nenhum momento saiu do contato do radar nem teve problemas de comunicação com os controladores, o que sim ocorreu com o Legacy, que uma hora antes do choque já não se comunicava com os controles em terra por 35 minutos e também desapareceu do radar por dois minutos.
O relatório preliminar mostrou que a tripulação de ambos os aviões não teve percepção visual da outra aeronave e que, segundo os dados dos gravadores de vôo, não houve nenhuma tentativa de ação ou manobra evasiva para evitar o choque. Os sistemas anti-colisão dos aviões também não emitiram nenhum sinal de alerta, aparentemente porque o sistema do Legacy não estava operando adequadamente.
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