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Agroindústria prevê demissões

Com o aumento acelerado do dólar, o setor agroindustrial teme o agravamento da retração do mercado internacional. Os prejuízos já apresentam a possibilidade de demissões. Quem alerta é o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), João Gava.

O secretário da federação, Enori Barbieri, lembra que a desvalorização do real com relação ao dólar em 48%, de janeiro a julho, vai refletir na próxima safra.

– A alta do dólar afeta os custos dos principais itens que compõem o custo de produção, como insumos e combustíveis – relaciona Gava.

Insumos como fertilizantes, herbicidas, uréia, sementes e inseticidas são importados, sofrendo interferência direta da variação cambial. Outro componente na formação dos custos de produção é o petróleo.

A Faesc sugere aos pequenos produtores para que efetuem venda de parte de sua produção no mercado futuro através das cooperativas. A orientação vale para produtores de milho, soja e trigo por exemplo. Tais produtos têm seus preços ditados pela Bolsa de Valores de Chigago.

– Essa é a orientação da Faesc, pois é a única forma para os produtores não amargarem um grande prejuízo que poderia causar inclusive inúmeras falências – prevê Barbieri.

De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Clair Dariva, o atual quadro de dificuldade que atinge os suinocultores deverá permanecer e agravar-se.

– Não vemos nenhuma luz no túnel. Para o suinocultor a alta do dólar só vem aumentar o prejuízo – disse.

Dariva compara que há menos de um mês o custo médio de produção passou de R$ 1,35 para R$ 1,42, ao passo que o valor recebido pelo produtor na comercialização não passa de R$ 1,20.

O vice-presidente da ABCS relata que alguns produtores já estão sacrificando leitões recém-nascidos, uma vez que, se tratados, o produtor poderá chegar ao estado de falência. Dariva mantém uma produção média de 50 toneladas/mês, totalizando 6,5 mil suínos/ano.

– Há mais de 30 anos estou criando suínos. Até agora já passamos crises difíceis, mas como essa nunca vi – lamenta.

Conforme dados da Faesc, o mercado internacional está abastecido e pagando os menores preços de toda história – US$ 700 por tonelada de suíno e US$ 800 por tonelada de frango. Recentemente o preço da tonelada de suíno chegou a US$ 1,35 mil e a tonelada de frango a US$ 1,2 mil.

Outro agravante para o setor é a falta de competitividade com o mercado internacional, principalmente países da Europa e Estados Unidos, onde a produção é subsidiada em até 100%.

EDU VIAL / DIÁRIO CATARINENSE
 
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