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Lula tenta consolidar nova imagem

Nas 24 horas que passou em Brasília, Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, se esforçou para transmitir uma nova imagem para tentar desfazer preconceitos contra ele. Ressaltou que o PT, sua barba e a cor vermelha “não devem meter medo em ninguém’’.

– As pessoas hoje não têm mais medo de barba. Jesus tinha barba. Ninguém mais tem medo do vermelho do PT. Nosso sangue é vermelho e nosso coração também – disse Lula, em discurso semelhante nos três debates dos quais participou em Brasília com empresários, religiosos e estudantes.

– Não vou jogar fora a possibilidade de ganhar as eleições por uma palavra mal colocada. A barba branca significa maturidade. Se quiserem me derrotar será por outra coisa, não por uma pisada na bola, acrescentou Lula, sendo aplaudido por aproximadamente 200 empresários brasilienses no café da manhã ontem.

Recebido com jingles da campanha, faixas e aplausos, Lula falou quarta à noite, dia 17, para cerca de 1,4 mil estudantes da Universidade Católica de Brasília, na cidade-satélite de Taguatinga. Por uma hora e meia, contou piadas, falou palavrões para demonstrar seu entusiasmo e respondeu a várias questões. Demonstrando cautela, o petista defendeu a queda de juros, mas evitou prometer que faria isso na sua gestão.

– Não será numa tacada que vamos baixar os juros de 18% para 12%, mas é preciso ter uma meta de redução – afirmou.

Ao comentar a reação popular ao golpe na Venezuela, Lula declarou:

– Espero que, se a gente ganhar, e um dia acontecer comigo, vocês tenham coragem de sair para a rua.

Contrário à proposta do governo de flexibilização das leis trabalhistas, Lula apoiou mudanças na legislação atual. Segundo ele, é necessário criar uma espécie de código mínimo de trabalho, no qual a contratação sindical regeria as normas nas relações entre empregado e patrão. Já com cerca de 80 pastores protestantes, representando vários segmentos evangélicos, exceto a Igreja Universal, Lula buscou um tom basicamente religioso.

Defendeu a adoção da bíblia nas escolas de ensino fundamental. Alterando uma ou outra palavra e expressão, o petista encerrou os três debates praticamente da mesma forma: apelando para que as pessoas esqueçam a rejeição pela política e passem a gostar do assunto.

– A desgraça é que o povo brasileiro é governado por quem gosta de política. A elite brasileira gosta de política, por isso que domina de forma competente há 500 anos – disse Lula.

 
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