| 28/11/2005 12h59min
Os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, já chegaram à reunião da coordenação política, realizada hoje no Palácio do Planato, de arestas aparadas. No encontro, que terminou por volta do meio-dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva presidente foi informado que a dupla, que há semanas vinha divergindo sobre a condução da política econômica do país, reunira-se ontem na casa de Dilma, a pedido de Palocci, e acertaram um procedimento de atuação em relação às diferenças.
Não está claro se os ministros chegaram a um acordo sobre os gastos públicos ou se há mudanças na meta do superávit primário, que é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública do país.
A interlocutores no fim de semana Lula disse que quer manter Dilma e Palocci, mas não aceita mais a lavação de roupa suja em público. O presidente espera que as divergências fiquem zeradas a partir de agora.
– Chega! O estrago dos últimos dias foi enorme – disse Lula.
Nas conversas dos últimos dias o presidente Lula manifestou impaciência com a forma temperamental como Palocci tratou, interna e externamente, seu embate com Dilma. A disputa entre os dois ministros ficou pública a partir das divergências em torno da proposta de ajuste fiscal de longo prazo, defendida por Palocci e chamada de rudimentar por Dilma.
O encontro desta segunda não deve ser o único dos dois ministros nos próximos dias. Lula já avisou que quer ambos na reunião formal da Junta Orçamentária, provavelmente ainda esta semana. Palocci já faltou a duas reuniões preparatórias da Junta, semana passada, para não se encontrar com Dilma.
Lembrando que Palocci passou dos limites em alguns momentos - quando, por exemplo, ficou sério, demonstrando contrariedade, em solenidade no Palácio do Planalto - Lula tem dito que fez o possível e o impossível para fortalecer o ministro. Semana passada, deu várias demonstrações públicas de prestígio pessoal e garantiu a manutenção da política econômica. Lula não vê mais motivos para Palocci continuar irritado.
No Palácio do Planalto, considera-se que Palocci estaria fazendo uma ação preventiva, ou seja, procurando uma forma honrosa de sair do governo. Assim, ele deixaria o ministério por suas divergências com Dilma e não pelas suspeitas que cercam seus ex-assessores de Ribeirão Preto. Lula já admite, em conversas reservadas, um cenário sem a presença de Palocci. Não considera mais impossível essa hipótese.
Na reunião de hoje, que incluiu os demais ministros da coordenação política, o presidente também comemorou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada na semana passada pelo IBGE, que mostrou redução da pobreza no ano de 2004. Segundo o Planalto, o presidente "ficou feliz porque os números do Pnad mostram que depois de 20 anos a desigualdade começou a diminuir no país".
Também ficou acertado que o governo vai enviar ao Congresso um projeto de lei criando a Super-Receita para tramitação em regime de urgência, já que a medida provisória que criava a Receita Federal do Brasil perdeu a validade porque não foi votada no prazo.
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