| 17/11/2005 01h08min
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, conseguiu em nove horas e 45 minutos de depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado garantir um certo alívio e mostrar que permanece no cargo mesmo sendo alvo de denúncias de corrupção e de críticas por parte de membros do governo federal. Ele poderá, no entanto, ter de enfrentar ainda a convocação para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos.
Palocci negou categoricamente qualquer ajuda financeira de Angola, das Farc (milícia armada da Colômbia) ou de Cuba à campanha presidencial durante a conversa com os senadores, em que, logo no início, se dispôs a responder a "qualquer pergunta".
– Não há recursos de Cuba na campanha do presidente Lula, não há recursos de Angola na campanha do presidente Lula, não há recursos das Farc na campanha do presidente Lula. Digo isso com segurança porque participei integralmente da campanha e sei que essas coisas não ocorreram – disse.
O ministro defendeu a condução da economia e polemizou pela primeira vez em público com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ministra defende uma maior flexibilização dos gastos e, publicamente, disse que o plano fiscal de longo prazo é "rudimentar". Ela também afirmou que a estratégia do governo de adotar um superávit primário alto para reduzir a dívida pública e, ao mesmo tempo, manter os juros altos é como "enxugar gelo". Palocci rebateu:
– Não estamos enxugando gelo com acreditam alguns. Estamos trabalhando com afinco em cada um dos pontos que estruturam a estabilidade da economia. Eu disse à minha colega, a ministra Dilma, que ela estava errada nesse debate – afirmou o ministro.
Em resposta ao senador César Borges (PFL-BA), o Palocci disse que o país precisa "conquistar juros menores", o que só poderia ocorrer "com a redução da dívida pública, uma preocupação recorrente do governo federal", como afirmou o ministro. Palocci também se defendeu das acusações de corrupção durante sua gestão na prefeitura de Ribeirão Preto.
A ida de Palocci ao Congresso, prevista para o dia 22, foi antecipada e apanhou de surpresa a oposição ao comparecer na tarde desta quarta à disposto a falar sobre tudo. Ciceroneado pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e por dois ex-presidentes – José Sarney (PMDB-AP) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) –, o ministro se dedicou a um bate-bola com os senadores, iniciado às 16h19min.
AGÊNCIA O GLOBO E ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.