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 | 12/10/2005 12h17min

Embargo russo pode beneficiar Rio Grande do Sul

Maior comprador brasileiro proibiu importações de carne de MS

Foi com alívio e até contido entusiasmo que os gaúchos receberam ontem a notícia da limitação do embargo da Rússia à carne produzida em Mato Grosso do Sul, onde foi detectado na segunda-feira um novo foco de aftosa. A União Européia (UE) e mais cinco países também adotaram restrições, mas os maiores clientes do país barraram produtos de Estados específicos.

Marcus Vinicius Pratini de Moraes, presidente da Associação da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) e ex-ministro da Agricultura, avaliou que a decisão russa "reflete consciência sanitária" e revela quanto o país precisa da carne brasileira. Mesmo indignado com a falta de atenção do governo federal à sanidade animal, Pratini disse que sustentará a qualidade do produto no discurso que fará hoje na Conferência Internacional de Carnes, em Roma, para mais de mil representantes de países produtores, importadores e exportadores:

– Vai ser difícil, mas vou defender o Brasil. Têm sido cometidos erros, mas não vou falar mal do país.

Pelo acordo assinado no ano passado com o Brasil, a Rússia poderia ter estendido a restrição aos Estados vizinhos, lembrou o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto. A Farsul pretende entrar amanhã com ação judicial contra o governo federal pela não-liberação de verbas para a defesa agropecuária. Fernando Adauto de Souza, vice-presidente da Farsul, vê na decisão russa uma chance para o Estado:

– O Rio Grande do Sul pode se beneficiar, embora sozinho não tenha capacidade para suprir todo esse mercado. O problema é que outros países podem entrar no vácuo.

– É lógico que quando sai (do mercado) o Mato Grosso do Sul, grande vendedor, abre oportunidades. Não sei quanto podemos ocupar, mas vamos ocupar. Podemos até vender mais caro para os russos – reforçou José Alfredo Knorr, diretor do Sindicato da Indústria da Carne do Estado.

Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Bagé, Paulo Ricardo Dias, é baixo o risco de contaminação do rebanho gaúcho. Dias espera que o novo episódio sirva de lição e também projeta aumento de mercado para o gado gaúcho.

– A médio e longo prazo pode ser que alguns compradores troquem o Centro-Oeste pelo Rio Grande do Sul. Alguns produtores podem até lucrar com isso, mas a perda para o país não compensa. Um foco de aftosa nunca é positivo – alerta Dias.

Em Eldorado, começou ontem o sacrifício dos animais na propriedade onde o foco foi identificado. Técnicos do Ministério da Agricultura viajam hoje à noite para a França, onde vão detalhar as medidas para conter o foco em reuniões com uma delegação do governo russo e com representantes da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e da UE.

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