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 | 21/08/2005 14h22min

Palocci descarta que trabalho da Fazenda será abalado

Ministro negou envolvimento em denúncias e diz que permanece no governo

Após duas horas de entrevista, o ministro da Fazenda Antonio Palocci encerrou às 14h20min as explicações sobre as acusações feitas pelo advogado Rogério Buratti. Ele negou categoricamente as denúncias de ter recebido propina e disse que o trabalho do ministério não será abalado.

 – Estou absolutamente tranqüilo porque sei do que fiz. E sei do que não fiz.

Ao ser questionado, em entrevista coletiva em Brasília, se estaria poupando  Buratti por ter afirmado que compreende a pressão pelo qual seu ex-assessor passou, o ministro da Fazenda negou veementente a acusação.

– Eu não poupei. Eu disse claramente aqui que não é verdade o que ele disse aqui. Eu disse que compreendo a situação em que ele estava e a pressão que sofreu – reforçou o ministro.

Antonio Palocci afirmou que as acusações não vão atrapalhar o trabalho do Ministério.

– Esses episódios certamente nos chateiam, mas não vão atrapalhar a equipe a fazer o seu trabalho – garantiu Palocci.

O ministro também defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao dizer que acredita nas promessas feitas por ele quando ainda não tinha assumido a presidência.

– Eu confio no compromisso que o presidente fez, antes mesmo de sua posse, em fazer com que a economia cresça – disse.

O ministro voltou a criticar a postura do Ministério Público,que divulgou o depoimento do advogado antes de concluída a investigação.

– Não achei correto o procedimento que se adotou para falar do caso. Se apressaram em divulgar informações de forma prematura. Colocaram um depoente em uma situação de completo constrangimento e lhe apresentaram os benefícios da delação premiada. Promotores divulgaram as declarações antes que elas se concluíssem, procedimentos que contrariam as leis – defendeu, ele que disse ter sido supreendido pelas acusações do ex-assessor:

– Eu não esperava por isso, que o Rogério fizesse uma coisa dessas, estas acusações, mas compreendo a situação na qual ele foi colocado – vi que o advogado dele disse que levaram com algema ele vestiu roupa de detido - não sei o que levou o Roberto a falar isso, não conheço, mas compreendo em parte.

Trechos da entrevista
O que Palocci falou sobre seu futuro no cargo e sobre a economia brasileira:
Afastamento
"Não cheguei à conclusão de que é o momento de sair, mas de colocar essa opção para o presidente. O presidente me pediu que falasse com vocês que ele não deseja que eu saia do ministério. Não autoriza meu afastamento, mesmo que temporário."
Insubstituível
"Ninguém é insubstituível. Posso tratar a questão (denúncias) dentro e fora do ministério. As pessoas passam. As instituições ficam. É preciso tirar um pouco esse aspecto de as pessoas dizerem que o ministro Palocci não pode de forma alguma deixar o ministério. Agradeço, mas tenho claro que a economia brasileira é superior às pessoas."
Apego ao cargo
"Jamais vou utilizar a sensibilidade da economia para me sustentar no cargo. Não tenho apego."
Turbulências
"Considero que o trabalho realizado nesses dois anos e oito meses foi suficiente para posicionar a economia brasileira em condições de suportar com tranqüilidade qualquer turbulência porque os fundamentos são sólidos. O fato é de que as 500 maiores empresas tiveram a melhor lucratividade nos últimos 23 anos, a geração de empregos tem sido a maior dos últimos 30 anos. Estão sendo gerados 100 mil novos empregos por mês. Não vejo nenhum risco para a economia brasileira."
Guinada
"Nunca ouvi o presidente Lula falar em guinada na economia. A política econômica é essa."
Ortodoxia
"Eu penso que não temos que tornar a política mais ortodoxa devido aos problemas políticos. Os indicadores mostram que não é necessário aumentar a ortodoxia. As políticas, no entanto, não podem ser enfraquecidas. Isto seria um enorme engano."
Blindagem
"Não é uma atitude de política econômica que blinda a economia. Não acredito nessas histórias de que o presidente tem de blindar o ministro ou a política. O que blinda são os resultados das políticas, que foram tomadas lá atrás."
Responsabilidade Histórica
"Valorizo muito o que outras pessoas fizeram pelo país: quando o presidente (José) Sarney criou o Tesouro Nacional, acabou com a conta movimento (mecanismo que impedia o controle dos gastos públicos), quando o presidente Fernando Henrique Cardoso fez a Lei de Responsabilidade Fiscal, quando se fizeram os contratos (de renegociação das dívidas) com os Estados. Nosso governo continuou com uma grande responsabilidade."
O que está em jogo
"O que está em jogo não é uma ou outra eleição. O que está em jogo é o destino do país. Uma política firme, correta. Mas nunca uma política que não considere os fundamentos. Os fundamentos não podem ser enfraquecidos. Enfraquecer seria um grande engano."
Transparência
"Nós devemos evitar sustos na economia, mas isso não significa jogar problemas para debaixo do tapete."

AGÊNCIA O GLOBO
 
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