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 | 05/06/2005 18h34min

Adiantamento de eleições surge como opção à crise boliviana

Reuniões entre Igreja Católica e poderes do Estado discutem a questão

O adiantamento das eleições na Bolívia aparece como uma opção para solucionar a crise no país. A questão está sendo discutida em reuniões organizadas pela Igreja Católica com os poderes do Estado, que tiveram a participação do presidente Carlos Mesa neste domingo, 5.

A avaliação do tema foi confirmada pelos presidentes do Senado, Hormando Vaca Díez, e da Câmara dos Deputados, Mario Cossío, no fim de um dos encontros deste domingo com a hierarquia eclesiástica na cidade de Santa Cruz, há 851 quilômetros ao leste de La Paz.

Segundo Vaca Díez, o adiantamento do pleito é um tema que deve ser resolvido com consenso, mas cada vez mais existe um sentimento de que a solução passa por um novo processo eleitoral.

Declarações como essas foram dadas pouco depois de Mesa ter saído da casa do cardeal Julio Terrazas, com quem se reuniu pela primeira vez desde que a Igreja assumiu na sexta, dia 3, a função de mediadora no conflito que mantém o país bloqueado.

O ministro da Presidência, José Antonio Galindo, limitou-se a dizer que confia que a mediação da Igreja pode trazer paz e tranqüilidade à nação.As negociações, nas quais também interveio o presidente da Corte Suprema de Justiça, Eduardo Rodríguez, continuam na capital de Santa Cruz.

Atualmente, a possível convocação de eleições só pode ser feita pelo presidente da Corte Suprema, depois de uma eventual renúncia de Mesa e se os presidentes do Senado e da Câmara Baixa não aceitarem assumir o governo, segundo estabelece a Constituição Política do Estado.

A Carta Magna aponta que se ainda não tiverem transcorrido três anos de um período governamental, como acontece neste caso, o pleito será apenas para os cargos de presidente e vice-presidente, que deverão cumprir a gestão vigente, que acaba em 2007, mas não para renovar o Legislativo.

Nas discussões dirigidas pela Igreja também foi considerado que qualquer solução deve ser aceita pelos setores sociais mobilizados. No entanto, o líder da oposição, Evo Morales, se queixou de não ter sido convidado às reuniões.

Morales disse à agência EFE, neste domingo, que os manifestantes não aceitarão o adiantamento das eleições com qualquer pessoa no governo, pois isso freará a Assembléia Constituinte.

– Rejeitamos categoricamente essa possibilidade porque não resolve nada, e se o novo presidente for Vaca Díez, isso só polarizará a crise política– disse o sindicalista, acrescentando que estava predisposto ao diálogo e a aceitar uma possível convocação da Igreja às negociações.

A comunicação por estradas entre as cidades de La Paz e El Alto ainda estão bloqueadas. Além disso, a população começou a sofrer com a escassez de combustíveis e optou por comprar alimentos dos mercados que ainda vendem produtos frente a um possível prolongamento do conflito social.

Os protestantes insistem em pedir a convocação de uma Assembléia Constituinte e a estatização dos hidrocarbonetos, apesar de Mesa ter marcado as eleições de constituintes por decreto para o dia 16 de outubro e de ter sugerido que as exigências sobre o gás natural e o petróleo sejam atendidas na Assembléia.

Também para essa data o governante decidiu a realização de um referendo autônomo, em resposta aos pedidos dos líderes civis de Santa Cruz.

No domingo, o cardeal Julio Terrazas pediu a unidade e a paz no país durante a missa de domingo na Catedral de Santa Cruz, em sua qualidade de arcebispo desta localidade. Ele pediu aos cidadãos que confiem que é possível uma solução, sem pressa nem esperas inúteis.

As informações são da agência EFE.

Veja os protestos na Bolívia

 
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