Haiti | 13/01/2010 17h52min
O missionário franciscano Pierre Jentil vive momentos de apreensão. O haitiano, que mora há dois anos e meio em Palhoça, na Grande Florianópolis, ainda não teve nenhuma notícia da família e de amigos após os terremotos que atingiram o país caribenho na noite de terça-feira.
Pierre tem um irmão, Mário, e uma irmã, Judite, que moram perto do palácio do governo em Porto Príncipe. A cidade ficou destruída. Para aumentar ainda mais a preocupação do missionário, ele não sabe onde está sua mãe, Mariane. Ela mora em outra cidade, Les Cayes, mas teria dito que faria uma visita aos filhos em Porto Príncipe.
— Estou muito preocupado. Eu ligo e ninguém me atende. Ontem (terça-feira), minha mãe me mandou uma mensagem pelo celular às 14h30min, mas nesse horário ainda não tinha acontecido o terremoto. Depois que aconteceu a tragédia, eu mandei uma mensagem para ela, mas não recebi resposta — diz Pierre.
O haitiano de 29 anos tenta ligar para a
casa de parentes e amigos insistentemente,
mas não tem tido sucesso. Ninguém responde a seus e-mails também. Pierre demonstra a tristeza ao falar sobre os tremores de terra que sacudiram seu país:
— O Haiti sofre de problemas políticos e tem vários conflitos, mas todo mundo está lutando para melhorar a situação do país. Só que agora surge um problema pior, que é de causa natural. Não tem como fugir de um terremoto.
Pierre veio ao Brasil para fazer um trabalho de ressocialização de moradores de rua em Palhoça, onde também estuda Filosofia. Ele conta que, desde que chegou, em julho de 2007, só conseguiu visitar a família uma vez. Em julho do ano passado, ele embarcou para Les Cays, onde ficou por dois meses antes de retornar a Palhoça.
Estudos
Quando Pierre foi ao Haiti, levou consigo uma amiga de Florianópolis. Estudante de Jornalismo na época, Juliana Sakae, 23, viajou para fazer o seu trabalho de conclusão no curso. Durante um mês, ela fez um
documentário sobre a cultura haitiana. O vídeo reúne
filmagens feitas por crianças, que também falam sobre culinária, música, dança e voduísmo.
Juliana, que ficou hospedada na casa da família de Pierre, tenta ajudar o amigo a localizar os parentes. Ela conta que no período em que esteve lá o que mais lhe chamou a atenção foi o jeito alegre dos moradores.
— Na verdade, a gente só fica sabendo dos haitianos quando há um conflito ou um furacão no país. Eu queria mostrar como é a vida deles, e o que eu vi foi uma coisa linda. Apesar de não terem saneamento básico, água encanada e iluminação pública, eles são muito sorridentes e alegres — diz Juliana.
A jornalista diz que os haitianos tentam se preparar para casos de catástrofes como furacão, mas que certamente não esperavam um terremoto. Juliana conseguiu trocar e-mail com um amigo brasileiro que está no Haiti, o professor de capoeira Flávio Soares, um dos coordenadores da ONG Viva Rio.
— Ele disse que o muitos prédios enormes
desabaram. Na rua, a situação era horrível, com
muita gente morta — conta Juliana.
Em infográfico, entenda o que aconteceu no Haiti:
Veja o trailer do Trabalho de Conclusão do Curso de Juliana:
Parentes de Pierre estão em Porto Príncipe, cidade destruída pelo terremoto
Foto:
Orlando Barría, EFE
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