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 | 09/12/2009 10h42min

Segundo estudo, última década foi a mais quente da história

Organização Meteorológica Mundial derruba tese de que aquecimento global teria estacionado

Os anos de 2000 a 2009 correspondem, por enquanto, à década mais quente da história desde que medições confiáveis começaram a ser feitas, por volta de 1850. Os anos 2000 superam com folga os anos 1990, derrubando a tese de que o aquecimento global teria “estacionado’’ ou até “começado a diminuir’’ a partir de 1998 – ano que, isoladamente, é o mais quente já registrado.

Os dados, divulgados nessa terça, dia 8, pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) durante a conferência climática de Copenhague, também indicam que 2009 provavelmente será o quinto ano mais quente já visto, com temperatura 0,44ºC superior à média mundial do período de referência, que vai de 1961 a 1990 (cerca de 14ºC). Este ano registrou um dos outonos mais quentes da história no Sul do Brasil e temperaturas acima de 40ºC na região central da Argentina.

– Ainda temos um mês até o fim do ano, e esperamos divulgar os dados totalmente consolidados em março de 2010, mas podemos dizer que o resultado até aqui é bastante sólido. Certamente 2009 estará entre os 10 anos mais quentes da história – disse Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.

Um fator importante para o calor de 2009 é a ação do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal das águas equatoriais do Oceano Pacífico. O mesmo tipo de evento contribuiu para os termômetros em alta durante 1998. Nos últimos meses, as consequências foram sérias para vários países em desenvolvimento. Na Índia, uma onda de calor matou 150 pessoas em maio, enquanto o norte da China viveu o ano mais quente de sua história, com temperaturas de verão acima de 40ºC.

– As informações não surpreendem. O que esses e outros dados mostram, sem praticamente nenhuma exceção, é que o aquecimento supera muito o que esperaríamos de fatores naturais, de qualquer lado que você olhe a questão – analisa o físico Paulo Artaxo, especialista em mudanças climáticas da Universidade de São Paulo (USP).

Apesar da aparente solidez dos resultados, a primeira pergunta feita nessa terça, dia 8, por jornalistas a Jarraud envolvia o uso de dados da Universidade de East Anglia (Grã-Bretanha). Os climatologistas da instituição foram afetados por um roubo de e-mails, cometido por hackers, que tentaram usar as mensagens como prova de que os pesquisadores manipulavam seus estudos.

– Sim, usamos as informações deles, mas também utilizamos dois conjuntos independentes de dados (da Nasa e da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA). E as três curvas são quase idênticas – afirmou.

Jarraud reforçou que há “uma tendência clara de aquecimento’’, mas explicou que ainda é cedo para dizer se a próxima década será mais quente do que as últimas duas.

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