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 | 21/10/2009 08h58min

Rio Grande do Sul deve privilegiar a produção animal, diz estudo

Pesquisador defende novo foco no agronegócio para gerar mais empregos

A saída para a estagnação da metade Sul e das regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul está na adoção de uma política agroindustrial que privilegie os segmentos de produção animal, conclui um trabalho do pesquisador Carlos Paiva, da Fundação de Economia e Estatística (FEE).

A tese, que será divulgada nesta quarta, dia 21, baseia-se na maior agregação de valor das cadeias produtivas pecuárias em comparação às de grãos e no nível de processamento interno dos produtos. Conforme o pesquisador, enquanto apenas 47% da soja colhida no Estado é esmagada em solo gaúcho, em atividades como produção de leite, avicultura, suinocultura e na bovinocultura de corte o percentual gira em torno de 80%, o que se traduz em empregos.

– Precisamos nos especializar no que gera mais empregos no campo, processamento na cidade, e que tenha mercados mundiais em expansão – defende Paiva, que conduziu o estudo em conjunto com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

De acordo com o trabalho, a população de 90% dos municípios do noroeste e norte do Estado se estabilizou ou diminuiu entre 1991 e 2007, resultado atribuído à estagnação econômica decorrente da dependência da soja, cultura em grande parte exportada em grão.

Para Paiva, o Rio Grande do Sul precisa centrar esforços no que é competitivo, como carnes e leites, produtos que poderiam vencer as dificuldades de exportações do câmbio.

Paiva defende que as políticas públicas de atração de investimentos privilegiem projetos que completem essas cadeias estratégicas. Segundo ele, mais importante do que um novo laticínio, por exemplo, seria a vinda, para o Estado, de uma fábrica de embalagens de leite longa vida.

O trabalho mostra ainda que o efeito irradiador na economia gaúcha é maior nos segmentos de produção animal do que no de grãos. Conforme Paiva, como a soja depende de muitos insumos trazidos de fora e depois é processada em outros países, apenas 87% do seu valor fica no Estado. Na avicultura, o índice salta para 136%.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja no Estado, Pedro Nardes, a estagnação é resultado da perda de renda do campo, não só relacionada à soja. Nardes defende mecanismos para elevar o processamento interno do grão:

– Geraria necessidade de mão de obra nas cidades e mais renda.

Dados das indústrias de óleos vegetais mostram que, a partir de 1996, quando as exportações foram desoneradas (retirada do ICMS pela Lei Kandir), o volume de soja em grão exportado pelo Brasil subiu 630% até 2008, enquanto o de farelo cresceu 15%, e o de óleo, 53%.

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