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 | 30/09/2009 18h15min

Censo Agropecuário mostra queda na área rural e aumento na produção

Mais de cinco milhões de propriedades de todo o Brasil foram pesquisadas

Atualizada às 19h45min Renata Maron | Santa Barbara d'Oeste (SP)

O Censo Agropecuário, divulgado nesta quarta, dia 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a área rural diminuiu, mas a produção aumentou entre 1995 e 2006. A soja foi a cultura que mais cresceu em uma década. A agricultura familiar aparece em maior número, mas ocupa menos terra. E o produtor rural ainda tem baixa escolaridade e precisa de mais assistência técnica.

Soja é a cultura que mais se expandiu

Pouco mais de cinco milhões de propriedades de todo o Brasil foram pesquisadas. Os dados de 2006 foram comparados com os do Censo Agropecuario 95/96. O novo estudo revelou que a soja foi a cultura que mais se expandiu no período. A produção passou de 21 milhões para 40 milhões de toneladas, um aumento de quase 90%.

O milho aumentou de 25 milhões para 42 milhões de toneladas. Entre 1995 e 2006, o rebanho bovino aumentou 12,1% e chegou a 171,6 milhões de cabeças. Os Estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso, nesta ordem, tinham os maiores rebanhos. Por outro lado, a área de pastagem diminuiu de sete milhões para quatro milhões de hectares.

– A agricultura ganhou rendimento médio por estabelecimento, significa mais tratores, mais tecnologia, mais qualidade de semente. E isso daí fez com que se ganhasse produtividade – afirma o coordenador do Censo Agropecuário em São Paulo, Mitsuo Ito.

Mais de 80% das propriedades pesquisadas eram da agricultura familiar: cerca de quatro milhões. O maior número, no entanto, não significou mais espaço. Segundo o Censo, os pequenos produtores detinham, em 2006, 24% das terras destinadas à atividade no país. É o caso do agricultor Geraldo Jesus Céu, da região norte do Paraná, que produz soja, milho e trigo em uma área de 15 hectares, dividida com os irmãos. Ele diz que gostaria de ter mais espaço para plantar.

– Precisava mais. Precisava o governo dar um incentivo para a gente comprar mais área, porque somos eu e mais dois irmãos trabalhando juntos. Nós precisávamos comprar mais, mas está difícil porque não sobra dinheiro.

Agricultores familiares usaram pouco crédito

A agricultura familiar empregava em 2006 quase 75% da mão-de-obra no campo e respondia por 38% do valor da produção agrícola nacional. Mas os agricultores familiares usaram pouco o crédito do governo.

– Muitos não pegaram por quê? Por medo de contrair dívida. E tem uma parcela significativa que também não sabia desse crédito. Então, ou é falta de divulgação, ou é falta de conhecimento do próprio produtor. Ou é burocracia, por que também tem uma parcela que deixou de pagar o financiamento por burocracia – explica Mitsuo Ito.

SP está entre os Estados que mais modernizaram a produção de cana

Outro fator preocupante é a baixa escolaridade no campo. Cerca de 1,2 milhão de homens e 200 mil mulheres não sabiam ler nem escrever. A exceção é o Estado de São Paulo, que foge um pouco desta realidade. Apenas 5% dos produtores paulista não estudaram, enquanto a média do país é de 25%.

Outro destaque da pesquisa é o avanço da cana-de-açúcar. A área para a cultura aumentou em 34% de 1995 a 2006, ao mesmo tempo em que a área de pastagens e de laranja caiu.

O Estado de São Paulo está entre os que mais modernizaram a produção. Um exemplo disso são os produtores de cana Gilmas Soave e Clóvis Casarin, que plantam cana há mais de 30 anos na região de Piracicaba. Entre 1995 e 2006, Gilmar triplicou os investimentos.

– Com tratores mais capacitados, na preparação do solo, com adubação melhor – explica ele.

Clóvis elevou os investimentos de R$ 250 mil para R$ 1 milhão. Cerca de 10% da colheita é mecanizada.

– É importante acompanhar a evolução de todo mundo. Senão você fica para trás. Tem que usar tecnologia. Em São Paulo, você tem uma das terras mais caras. Você tem que aproveitar melhor as áreas que você tem. Inclusive, agora, com as colhedoras, usar as terras mais planas para poder competir no mercado – afirma Casarin.

Mas essa modernidade ainda não está em todo o país. Os dados de 2006 revelaram que o produtor rural brasileiro ainda precisa de mais assistência técnica e de melhor orientação sobre o uso de defensivos agrícolas.

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