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 | 30/09/2009 10h52min

Concentração na distribuição de terras no Brasil praticamente não mudou nos últimos 20 anos, diz IBGE

Instituto traça perfil agrário do país, e constata que soja foi a cultura que mais cresceu na última década

O Censo Agropecuário 2006, divulgado nesta quarta, dia 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a concentração na distribuição de terras permaneceu praticamente inalterada nos últimos 20 anos, embora tenha diminuído em 2,36 mil municípios. A pesquisa é a maior sobre a estrutura produtiva do setor primário brasileiro, que traz um perfil de aproximadamente 5,2 milhões de estabelecimentos, em todos os 5.564 municípios brasileiros.

Propriedades
Nos Censos Agropecuários de 1985, 1995 e 2006, os estabelecimentos com mais de 1 mil hectares ocupavam 43% da área total de estabelecimentos agropecuários no país, enquanto aqueles com menos de 10 hectares ocupavam apenas 2,7% da área total. Focalizando-se o número total de estabelecimentos, cerca de 47% tinham menos de 10 hectares, enquanto aqueles com mais de 1 mil hectares representavam em torno de 1% do total, nos censos analisados.

Em 2006, os cerca de 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários do país ocupavam 36,75% do território nacional e tinham como atividade mais comum a criação de bovinos.

A área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros diminuiu em 23,7 milhões de hectares (-6,69%), em relação ao Censo Agropecuário 1995. Uma possível causa foi a criação de novas Unidades de Conservação Ambiental (crescimento de 19,09% de área) e demarcação de terras indígenas (crescimento de 128,2%), totalizando mais de 60 milhões de hectares. Entre 1995 e 2006, os estabelecimentos agropecuários registraram redução de suas áreas de florestas (-11%) e de pastagens naturais (-26,6%), e aumento nas áreas de pastagens plantadas de 1,7 milhão de hectares (1,8%), sobretudo na região Norte (39,7%), enquanto aquelas dedicadas à agricultura cresceram 19,4%, sendo que o maior aumento ocorreu no Centro-Oeste (63,9%).

O Produtor
A grande maioria dos produtores entrevistados era analfabeta ou sabia ler e escrever, mas não tinha freqüentado a escola (39%), ou não possuíam o ensino fundamental completo (43%), totalizando mais de 80% de produtores rurais com baixa escolaridade. Trabalhavam em estabelecimentos agropecuários 18,9% da população ocupada no país e 77% dos ocupados tinham laços de parentesco com o produtor e 35,7% não sabiam ler e escrever. Havia mais de 1 milhão de crianças com menos de 14 anos de idade trabalhando na agropecuária.

Produção
Com crescimento de 88% na produção, a soja foi a cultura que mais se expandiu na última década, sendo que em 46,4% desses estabelecimentos optou-se por sementes transgênicas. Apenas 1,8% dos estabelecimentos agropecuários praticavam agricultura orgânica no país, sendo que 42,5% destes produtores ligavam-se a associações, sindicatos ou a cooperativas. 6,3% dos estabelecimentos declararam utilizar irrigação, o que representou um aumento de 39% em relação ao Censo anterior. Mais da metade dos estabelecimentos onde houve utilização de agrotóxicos não recebeu orientação técnica (785 mil ou 56,3%). Além disso, 15,7% dos produtores rurais responsáveis por estabelecimentos onde houve aplicação de agrotóxicos não sabem ler e escrever, o que potencializa o risco de intoxicação e uso inadequado do produto. O rebanho bovino brasileiro era de 171,6 milhões de cabeças em dezembro de 2006, sendo que Mato Grosso do Sul reunia 20,4 milhões de cabeças, enquanto Pará registrou maior crescimento (119,6%).

Os estabelecimentos pesquisados obtiveram um valor da produção total de R$ 147,26 bilhões, dos quais 77,07% (R$ 113,49 bilhões) provenientes da Produção Vegetal; 920 mil estabelecimentos obtiveram financiamentos, sendo que 91% destes receberam financiamento de bancos e 85% receberam de programas governamentais. Os estabelecimentos que têm como atividade principal a cana-de-açúcar ou a soja ficaram com a maior participação no valor da produção agropecuária (ambos 14%), seguidos por aqueles que se dedicam à criação de bovinos (10%).

Área
Em 2006, o Censo Agropecuário apurou que os 5.175.489 estabelecimentos agropecuários ocupavam 329.941.393 hectares, o equivalente a 36,75% do território brasileiro (851.487.659 hectares). Em relação ao Censo de 1995, houve uma redução de 23.659.882 hectares na área total dos estabelecimentos agropecuários (-6,69%). Um dos motivos para isso pode ter sido a criação, contando a partir de 1995, de novas terras indígenas e unidades de conservação, as quais correspondem a um total de 60.630.859 hectares. As unidades de conservação representavam, em 2006, 8,47% do território nacional (ou 72.099.864 hectares), enquanto as terras indígenas ocupavam 14,74% do país (ou 125.545.870 ha), com crescimentos de, respectivamente, 128,20% e 19,09% em relação a 1995.

IBGE
Governo do Paraná / 

O baixo nível de escolaridade entre os produtores brasileiros preocupa, segundo dados do Censo Agropecuário de 2006
Foto:  Governo do Paraná


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