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 | 23/06/2009 18h50min

Mesa-redonda discute questões ambientais e comerciais do etanol

Evento ocorreu nesta terça em São Paulo

Renata Maron | São Paulo (SP)

A contribuição dos biocombustíveis para as mudanças climáticas e o desenvolvimento de políticas públicas para a área de energia renovável. Estes foram os temas de destaque de uma mesa-redonda que reuniu os principais especialistas do setor nesta terça, dia 23, em São Paulo.

A substituição de carros movidos à gasolina pelos flex, que utilizam etanol, provocou uma redução de pelo menos 45 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, o equivalente ao plantio de 150 milhões de árvores.

Segundo especialistas, por enquanto, o tema biocombustíveis não está totalmente inserido no debate de mudanças climáticas, o que significa um erro. A questão da energia renovável ainda continua sendo muito vinculada à substituição do petróleo. Por isso, o setor defende a precificação do produto. Um exemplo disto é mostrar aos países que têm política de redução de emissão de gases, que causam o efeito estufa, como o etanol brasileiro pode contribuir para isso.

— Quando você exporta o etanol brasileiro, em algum momento, você está promovendo uma redução de emissões no país que comprou este etanol. Se você está exportando etanol do Brasil para o Japão, o Japão está reduzindo suas emissões a partir do momento que usa o etanol brasileiro. Se ele usa o etanol brasileiro e contribui  para suas metas de redução ao longo do protocolo de Kyoto, por que a gente não precifica isso? Significa que podemos ter um novo componente de preço à luz do mercado internacional — defendeu o coordenador da área de mudanças climáticas da Fiesp, Marco Antônio Fujihara.

Outra medida que pode abrir mais espaço para o etanol daqui no mercado externo é apresentar cientificamente que a produção não compromete a questão ambiental. No meio do ano passado, o zoneamento agrícola da cana-de-açúcar já estava pronto, mas até agora não foi lançado o programa. O zoneamento vai comprovar que não há necessidade de se plantar cana na Amazônia e que a cultura também não deve atrapalhar o cultivo de outros produtos agrícolas.

— As pessoas que tomam a decisão já conhecem, já têm o estudo na mão. É preciso agora implementar politicamente. Já existem todos os mecanismos. Como ainda tem um problema no Mato Grosso, é relativo ao Pantanal e ao Alto Paraguai, quer dizer, isso tem que ser superado para implementar o zoneamento. O governo tem tudo na mão para fazê-lo — disse o chefe geral da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Assad.

— As áreas prioritárias para conservação, reserva legal e áreas de preservação permanente devem ser mapeadas. Assim que as áreas de pasto degradadas estiverem mapeadas, que são aptas para a produção de cana, nosso trabalho no licenciamento será facilitar — completou a assessora de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Ana Lúcia Dolabella.

O mercado europeu recentemente cobrou a certificação do etanol brasileiro. O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Marcos Jank, confirma que a sustentabilidade do produto é uma preocupação do setor.

— Nós estamos trabalhando em cima de uma certificação Better Sugarcane, que está mais avançada e que é bastante factível, enfim, ela é realista e é mensurável. Queremos ser pioneiros nessa questão. Achamos que o biocombustível tem que ser sustentável e isso tem que ser provado — acrescentou Jank.

Essas são questões para facilitar o comércio internacional, mas o etanol brasileiro ainda encontra resistência do principal concorrente, os Estados Unidos, que impõe barreiras tarifárias ao produto. Enquanto o país norte-americano produz etanol a partir do milho, o Brasil tem a cana-de-açúcar como principal matéria-prima.

O produto brasileiro é comprovadamente mais barato de se produzir. Apesar das vantagens, a advogada Adriana Dantas, que vive em Washington, lembra que o lobby no congresso americano para o etanol de milho é muito forte.

— Esse lobby tem um grande poder econômico, uma grande influência, principalmente pelos congressistas do meio oeste norte-americano. E de fato, a Unica tem feito um trabalho muito forte por meio do escritório dos Estados Unidos, mas se considerado quem são os adversários, ainda há muito o que ser feito — concluiu a advogada.

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