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 | 28/05/2009 04h12min

Secretário de Yeda dá sinais de desconforto

Otaviano, mesmo insatisfeito, negou que deixará cargo

Leandro Fontoura  |  leandro.fontoura@zerohora.com.br

À frente da Secretaria da Transparência e da Probidade Administrativa desde o final de outubro, o procurador de Justiça Carlos Otaviano Brenner de Moraes não esconde dos colegas que está desconfortável no cargo. Em reunião na segunda-feira, no Palácio Piratini, o secretário deixou em integrantes do governo a impressão de que poderia deixar a pasta, incomodado com os ataques da oposição.

Durante o dia, a líder do PSDB na Assembleia Legislativa, deputada Zilá Breitenbach, reconheceu que, nos últimos dias, o procurador anda “triste”. Ela, porém, nega que Otaviano esteja deixando a função.

– Alguém que não tem trajetória política sente mais, fica desgostoso com mais facilidade, não aceita o que é feito no mundo da política – disse Zilá em relação ao procurador.

No comando de uma secretaria que deveria trabalhar pelo aumento do controle interno, Otaviano se tornou foco de polêmicas. No início de abril, foi apontado por colegas do Ministério Público Estadual (MP) como artífice da nomeação da procuradora Simone Mariano da Rocha para a chefia da instituição. Ao escolher Simone, Yeda acabou com o projeto de Mauro Renner, candidato à reeleição e vitorioso na eleição interna, de se manter no cargo.

Em maio, Otaviano foi envolvido na saída de Estella Maris Simon da presidência do Detran. Ela deixou o cargo dizendo ter entrado em choque com o secretário. Estella desejava romper o contrato com a Atento Service, responsável pelo serviço de guincho na Capital, e disse ter sido impedida por Otaviano.

A oposição chegou a acusar Otaviano de prática de advocacia administrativa (patrocinar interesse privado perante a administração pública valendo-se do cargo). Os adversários ameaçaram entrar com uma representação no Conselho Superior do Ministério Público contra o procurador. O secretário diz que as acusações não tiram sua tranquilidade:

– Estou à disposição para prestar todo e qualquer esclarecimento em qualquer instância. Tenho uma honrada história de vida profissional no MP. Irei onde for preciso pra deixar absolutamente claro este assunto.

O episódio do Detran, porém, desgastou o secretário. Otaviano relata ter ficado entristecido com a acusação por considerá-la injusta. Afirma que sua principal preocupação era impedir a descontinuidade dos serviços prestados pela Atento, o que prejudicaria os cidadãos:

– O que eu faço nesse assunto é o gerenciamento de ações. Não há nenhuma decisão de minha parte, não há nenhum despacho de conteúdo decisório.

As gravações
No final da tarde de ontem, Otaviano negou a hipótese de exoneração. Disse que segue trabalhando normalmente e anunciou que vai verificar a existência de escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal que envolvam a assessora Walna Vilarins Meneses, braço direito da governadora Yeda Crusius (leia entrevista ao lado). Foi sua resposta ao requerimento da oposição para que investigasse Walna.
> No sábado, ZH revelou diálogos entre a assessora Walna Vilarins Meneses, braço direito da governadora Yeda Crusius, e a empresária Neide Viana Bernardes. As inteceptações telefônicas foram feitas pela Polícia Federal (PF) na Operação Solidária, que investiga obras superfaturadas.
> No inquérito, Walna e Neide falam sobre “flores”, “arranjo”, “bonsai” e “projeto de jardim”, expressões que os policiais consideram serem códigos para dinheiro. Neide é indiciada na Solidária.
> O secretário da Transparência, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, recebeu ontem um pedido de abertura de procedimento administrativo contra Walna assinado pelas bancadas de PSB, PC do B, PDT e PT.
>Além da sindicância, eles pediam o afastamento da servidora.

ZERO HORA
Adriana Franciosi  / 

Otaviano descarta uma sindicância contra assessora antes de saber se existe a fita com escutas comprometedoras
Foto:  Adriana Franciosi


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