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Lento avanço das tropas expõe divergências no comando americano

O lento avanço das tropas americanas e britânicas no deserto iraquiano, contrariando as expectativas de um desfecho relâmpago do conflito, expôs as divergências na cúpula do comando da guerra. Os ânimos em Washington se exaltaram nessa sexta, dia 28, depois que o comandante das forças terrestres no Iraque, general William Wallace, reconheceu que a ofensiva não está se desenvolvendo exatamente como o previsto. 

– O inimigo contra o qual lutamos é bem diferente daquele que enfrentamos em simulações – disse o Wallace, em entrevista publicada nessa sexta pelo The Washington Post.

Um dos mais importantes respeitados oficiais do exército americano, Wallace admitiu que as táticas de guerrilha utilizadas por grupos iraquianos, alguns deles vestidos como civis, não estavam nos planos americanos.

O general afirmou também que a resistência das forças iraquianas aumentou as chances de que a guerra seja longa e revelou que que duas divisões de tropas americanas tiveram de interromper a ofensiva rumo a Bagdá para esperar por suprimentos de comida, água, combustível e munição.

As declarações de Wallace são a ponta do iceberg. Na verdade, há vários dias as críticas contra o  Pentágono e o Comando Central dos EUA (Centcom) vêm aumentado. O comando da guerra é acusado de ter subestimado a resistência dos iraquianos, de não saber como enfrentar táticas de guerrilha e de pôr em perigo as linhas de abastecimento, ao deixar "bolsões de resistência" inimigos na retaguarda.

As críticas têm origem em informações fornecidas por jornalistas incorporados às unidades nas frentes de batalha e que relataram a surpresa das tropas diante da resistência iraquiana e os problemas de abastecimento. A polêmica irritou a Casa Branca, que classificou as dúvidas levantadas pelo general como "indevidas e frustrantes". O governo dos EUA também negou ter dito alguma vez que a guerra no Iraque seria curta.

Os comentários de Wallace também alimentaram a ira da administração George W. Bush com a cobertura jornalística da guerra, já que a mídia americana vem focando sua cobertura na questão de por que a guerra ainda não acabou. O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, recusou-se a dizer se concorda ou não com Wallace.

– As declarações que a Casa Branca vem fazendo sobre o assunto é que as pessoas deveriam estar preparadas para o fato de que isto iria se estender. Foi exatamente assim que a casa Branca explicou o que esperamos. Quando a Casa Branca diz que a guerra pode ser longa, duradoura e perigosa, estamos avisando que um certo número de cenários pode se desenvolver – disse Fleischer.

Colocado na defensiva pelas críticas, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, procurou tranquilizar os americanos, reafirmando sua certeza no desfecho vitorioso do conflito. Mas suas declarações, em uma entrevista coletiva no Pentágono, acabaram reforçando a impressão de que o início surpreendentemente difícil da invasão do Iraque e as perspectivas de uma guerra prolongada que as tropas americanas e  britânica enfrentam agravaram a tensões que fermentam há meses entre o secretário da Defesa e seus generais.

– Estamos na primeira semana disso e parece-me um pouco cedo para escrever a história (da guerra). O  plano da guerra é um plano de Tom Franks – acrescentou, referindo-se ao chefe do Comando Central, que conduz a guerra a  partir de seu quartel-genenral em Doha, numa aparente tentativa de distanciar-se da estratégia desenvolvida sob sua orientação.

O Comando Central, por sua vez, negou que a coalizão tenha subestimado a força da milícia Saddam Fedayeen (Mártires de Saddam) e de outros grupos paramilitares leais ao presidente do Iraque. Em entrevista coletiva na sede do comando avançado, no Catar, o general Vincent Brooks afirmou a coalizão teria desferido "duros golpes" contra as forças iraquianas.

Brooks foi repetidamente questionado se os soldados aliados estavam preparados para a tática de guerra iraquiana, mas o oficial manteve em suas respostas a linha oficial – ou seja, que os planos de batalha eram "adaptáveis" e que só contava o objetivo final, "a libertação do Iraque". 

– A nível operacional, o objetivo que pretendemos não mudou – disse, reconheceu, porém, que "sempre haverá coisas que se passam no campo da batalha que não correspondem exatamente ao que se havia calculado".

Com informações do jornal Zero Hora.

 
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