| 16/02/2009 13h05min
As cotações da soja iniciaram 2009 em alta, animando parte de produtores. Os preços externos voltaram aos elevados níveis observados no início de outubro de 2008 e os internos são os maiores dos últimos seis meses, de acordo com pesquisas do Cepea. Esses aumentos foram reflexos da preocupação com o clima no Brasil, em especial no Sul do País e em Mato Grosso do Sul, e nas principais regiões produtoras da Argentina.
No acumulado de janeiro, o Indicador Cepea/Esalq (média de cinco regiões do estado do Paraná) subiu 4,54%, fechando em R$ 48,85/sc de 60 kg no dia 30. O Indicador Esalq/BM&FBovespa (produto posto porto de Paranaguá) teve alta de 2,5%, passando para R$ 50,53/sc no último dia de janeiro.
Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços pagos ao produtor (balcão) registraram aumento de 7,5% no mês. No mercado de lotes (negociações entre empresas), o acréscimo foi de 5%.
No Brasil, algumas lavouras semeadas logo após o vazio sanitário e com variedades precoces chegaram a ter perda próxima a 80%, devido à falta de chuva em novembro e dezembro do ano passado.
Em janeiro, mais especificamente na segunda quinzena do mês, choveu em várias regiões produtoras do Brasil. Apesar de essas chuvas não reverterem as perdas da maioria das lavouras, em especial daquelas que se encontravam em fase de maturação e/ou estavam prontas para colheita, pelo menos interromperam um longo período de baixos índices pluviométricos.
Os preços domésticos também foram influenciados pela melhora na demanda, sustentada por alguns segmentos internos que estavam com estoques baixos e por interesse de compradores externos para contratos antecipados, devido à redução da safra argentina.
Na última dezena de janeiro, produtores aproveitaram os níveis de preços, considerados satisfatórios, para efetuar vendas antecipadas, buscando garantir parte da receita para pagamento de insumos para a safra 2009/10. Mesmo assim, as vendas antecipadas ainda foram consideradas lentas, principalmente no Sul do país, onde a compra de insumos para a safra corrente foi feita com base em troca por soja.
No Paraná, dados da Seab/Deral divulgados no início de fevereiro apontam redução de 16% na produção total de soja, passando para 9,9 milhões de toneladas. As maiores perdas nas produções ocorreram nas regiões de Toledo (32%), Cornélio Procópio (29%), Cascavel (34%), Campo Mourão (23%), Umuarama (18%) e Apucarana (18%). A Secretaria também apontava no final de janeiro que 26% das lavouras estavam em estado ruim, 33%, em condições medianas e 41% em boa situação. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater, ainda não era possível estimar as perdas devido ao atraso do plantio, que só foi encerrado em meado de janeiro.
Em janeiro, o que mais se destacou no setor de soja foram as fortes valorizações observadas para o farelo de soja. Esse derivado passou a ter participação expressiva na formação do preço da soja em grão, tanto no mercado interno quanto no externo. A desvalorização do óleo de soja também contribuiu para esse destaque ao farelo.
Indústrias brasileiras de farelo estiveram mais ativas, visando ampliar seus estoques. A seca na Argentina fez com que parte da demanda externa se deslocasse para os Estados Unidos e para o Brasil, sustentando os preços na bolsa de Chicago (CBOT) e aumentando os prêmios de exportação brasileira.
Ao final de janeiro, os preços do farelo de soja chegaram a ter participação de 65% na formação do preço da soja na CBOT, um recorde e acima da média histórica, de 55%. Consequentemente, as cotações do óleo de soja representaram apenas 35% no período, abaixo da média de 45%. Destaca-se que entre final de maio e início de junho de 2008 ambos chegaram a participar com 50% na formação do preço da soja.
Nas principais regiões produtoras/processadoras do Brasil, os preços do farelo chegaram ao maior nível nominal dos últimos dez anos – período em que o Cepea passou a acompanhar este mercado. Somente em janeiro, os preços subiram mais de 20%. Na região oeste do Paraná, por exemplo, os preços passaram de R$ 755,00/t no último dia de dez/08, para 901,77/t no dia 30 de janeiro. Nos últimos dias, porém, houve ligeiro recuo, para R$ 885,86/t.
Entre 30 de dezembro e 30 de janeiro, o primeiro vencimento do farelo subiu 3,5% na CBOT. Para o óleo de soja, houve queda de 1,7% no mês. Como resultado, os preços da soja em grão reagiram 0,8% no primeiro mês de 2009 e 1% em sete dias.
No Brasil, o preço FOB de exportação, base porto de Paranaguá subiu 20% em janeiro. A maior demanda internacional fez com que os prêmios de exportação valorizassem de +1 dólar por tonelada curta para comprador e +4 dólares para o vendedor no final de dezembro para +25 no comprador e +30 no vendedor no encerramento de janeiro.
O resultado foi o aumento das exportações de farelo de soja em jan/09, para 937 mil toneladas, o maior volume desde jan/05, segundo a Secex. No mês, as exportações de soja também cresceram em relação a jan/08 (46,4%), para 614,5 mil toneladas, enquanto as de óleo de soja foram de 84,6 mil toneladas, decréscimo de 44,8%.
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