Paulinho cresceu e não quer continuar sendo apenas uma promessa. Desde que foi revelado pelo Metropolitano, em 2005 (aos 15 anos), ele se acostumou a ser tratado assim. O sucesso na base do Grêmio, onde ficou mais de três anos, confirmou ainda mais as evidências.

Mas o tempo passou e chegou a hora da virada: aos 20 anos, recém completados, o jogador blumenauense quer se tornar realidade. Enquanto treina em sua cidade, ele espera pela definição do clube onde poderá colocar o plano em prática.

— Quero ir para algum lugar onde eu possa mostrar meu valor. Não adianta ir para um Real Madrid e não jogar — afirmou o atleta, que descarta a possibilidade de ficar por aqui, como gostariam muitos torcedores do Metrô. 

O desempenho na equipe Sub-20 do Grêmio, campeã brasileira no final do ano passado, atraiu muitos olhares. Após erguer a taça como capitão do time, propostas chegaram, principalmente do Exterior.

O jogador também foi oferecido à equipes de expressão do futebol brasileiro, como Vasco e Palmeiras, mas até segunda-feira nenhuma proposta local havia sido oficializada.

Ser visado por tantos clubes não surpreende tanto quanto a postura do Grêmio. Depois de tratar o garoto como uma das apostas para 2009 e chamá-lo para fazer a pré-temporada com os profissionais, o time gaúcho decidiu por não aproveitá-lo no grupo principal. A missão de avisá-lo coube ao técnico Celso Roth, pouco antes da estreia no Campeonato Gaúcho.

— Ele me chamou e disse para eu tirar férias e me apresentar com os juniores, em março. Foi um balde de água fria — lembrou.

O contrato encerrado no final de janeiro não foi renovado. Para Paulinho, que treina no Metrô enquanto aguarda novo destino, voltar para a base não estava nos planos. Apesar de ainda ter um ano de júnior, ele quer jogar profissionalmente ainda no primeiro semestre.

— Fiquei desmotivado no início, mas não tenho mágoa. Vou levantar a cabeça e treinar. Sei que tem coisa melhor pra mim pela frente — disse.

A passagem pelo Grêmio, ainda assim, valeu muito. Foi lá que Paulinho diz ter descoberto a verdadeira posição: volante. Lá, com o incentivo do técnico Julinho Camargo, o meia do Metrô trocou a camisa 7 pela 5, mudança muito feliz por sinal.

— Achei minha posição. Posso até jogar de meia, se precisar, mas hoje sou volante — afirmou.

Mas, no momento, o número não importa. Ele quer mesmo é saber qual escudo estará estampado na próxima camisa para, depois disso, provar que é muito mais do que uma eterna promessa.

Em fatias

Como as propostas recebidas estão em análise e outras devem chegar nos próximos dias, ainda não é possível dizer se o jogador será emprestado ou vendido. Em caso de venda, o Metropolitano teria direito a 10% do valor.

O restante está dividido entre o austríaco Lustenau (50%) e investidores (40%), que tocavam, entre 2003 e 2007, a Metropolitano Licenciamentos Ltda., formada por atuais e ex-dirigentes do Verdão.

A fatia maior nos direitos sobre alguns jogadores, como no caso de Paulinho, foi uma forma encontrada para quitar dívidas, já que, conforme o empresário Sandro Glatz, as duas partes, juntas, já injetaram mais de R$ 1,7 milhão no clube.