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 | 28/01/2009 09h13min

Crise durará pelo menos três anos, dizem executivos

Mudanças progressivas devem alterar a geografia econômica mundial

A crise econômica mundial ainda durará pelo menos três anos, segundo a maioria dos entrevistados em 50 países pela PricewaterhouseCoopers (PwC) em uma pesquisa com chefes de empresas. Só 34% deles disseram acreditar em uma recuperação nesse período — uma melhora lenta e gradual. Foram ouvidos 1.124 executivos-chefes.

O mundo em crise é também um mundo em transformação, segundo os entrevistados. De acordo com 73% deles, um novo conjunto de países ganhará importância e contestará o poder econômico, político e cultural do Grupo dos Oito (G-8), formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia. No Brasil, 83% dos dirigentes de empresas manifestaram essa opinião. No Reino Unido e na Rússia, 63% — menor porcentagem.

De alguma forma, a nova geografia econômica, mencionada muitas vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parece estar em curso, segundo executivos do mundo todo. Outra mudança provocada pela crise é a revalorização do longo prazo.

— Resultados de curto prazo a qualquer preço não são mais aceitáveis como medida do sucesso — está escrito em um dos volumes do relatório como síntese dessa transformação.

A transformação é visível nos planos de investimento, segundo comentários de responsáveis pela pesquisa. O excesso de atenção a resultados imediatos, mostrados em balanços trimestrais, foi uma das consequências do crescente poder do setor financeiro nas últimas décadas, mas o relatório não entra nessa análise. A reavaliação do sucesso também ocorreu em outro sentido.

— Em anos anteriores, sucesso significava crescimento — recordam os autores do relatório.

No documento, os pesquisadores descrevem os executivos como empenhados em caminhar na corda bamba, "tentando alcançar o equilíbrio entre sobrevivência e durabilidade". Os brasileiros estão entre os mais otimistas. Um terço declarou-se confiante na evolução de seus negócios neste ano. Globalmente, só 21% disseram acreditar em maiores ganhos.

Há um ano, 50% esperavam melhor desempenho a curto prazo. Na América do Norte e na Europa Ocidental, só 15% disseram acreditar em crescimento nos 12 meses seguintes. Na Ásia-Pacífico, 31%. Na América Latina, 21%. Os brasileiros mostraram-se mais preocupados com as deficiências da infraestrutura e menos preocupados que a média de seus colegas com os custos da energia, a escassez de recursos naturais, o terrorismo, as pandemias e as tendências protecionistas dos governos.

No alto de sua lista de problemas, os brasileiros incluem também o peso dos impostos, a falta de clareza e estabilidade nas normas tributárias e as complicações para cumprir as obrigações fiscais. Em todo o mundo, a retração nas economias avançadas e a desordem nos mercados financeiros foram apontados como riscos mais importantes para os negócios.

No Brasil, 83% dos entrevistados apontaram a recessão no mundo industrializado como a ameaça principal. Nas maiores economias, essa resposta foi dada por 80% ou mais, e não há nenhuma surpresa nesse resultado.

A pesquisa mostrou também um resultado descrito como "paradoxo da regulação". Cerca de metade dos entrevistados acusam os governos de não terem feito o suficiente para criar uma força de trabalho qualificada e 38% reclamaram maior ação governamental na área de infraestrutura, mas 55% disseram temer o excesso de regulação.

— A resposta pode não estar em mais regulação, mas em melhor regulação — comentou Ian Powell, diretor da Price.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agência Estado
 
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