| 23/01/2009 15h32min
Enquanto não se sabe quando a crise mundial perderá forças, seguem os anúncios de demissões em indústrias no Brasil. Nesta sexta-feira, a John Deere confirmou a demissão de 502 funcionários de sua fábrica de colheitadeiras e plantadeiras em Horizontina, no noroeste do Rio Grande do Sul. Alfredo Miguel Netto, diretor de assuntos corporativos da companhia para a América do Sul, espera que a empresa possa voltar a contratar funcionários a partir da metade do ano:
— Nossa expectativa é de uma queda agora nesse primeiro semestre, mas a John Deere se coloca de uma forma muito otimista, esperando que o mercado reaja no segundo semestre, mas é claro que estaremos analisando a crise mundial no mundo e no Brasil de uma forma muito atenta. Se a demanda realmente voltar, nós vamos voltar a contratar e aumentar a produção. Mas é claro, a demanda é o mercado quem define _ afirmou o diretor, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Netto afirma que a empresa tentou evitar as demissões
anteriormente, mas que chegou um
momento em que não foi mais possível mantê-los na empresa, pois a empresa precisou adaptar sua produção à demanda de mercado:
— É algo que escapa da empresa. Nós seguramos por um bom tempo. Em novembro do ano passado, globalmente prevíamos uma melhoria de 5% e uma retração na América do Sul de 10% a 20 %, então nós seguramos por um período até o momento em que não foi mais possível. Nós fizemos isso em Horizontina onde se produz basicamente colheitadeiras, e o mercado dessas máquinas só na Argentina já se reduziu em 50%.
Dentre os motivos que atingiram a John Deere e provocaram as demissões, o diretor ressaltou a redução das exportações brasileiras, a seca na Argentina, no Paraguai e no Uruguai e as dificuldades em mercados na Europa e Rússia, além de dificuldades mercado interno.
— É a maior seca nos últimos 50 anos na Argentina. O que nós fazemos é trabalhar com mercado alternativo da exportação, mas como a crise é mundial, isso afeta a todos. Se
o problema fosse só no Brasil, as
nossas exportações segurariam. Mas o problema é mundial, então o impacto é no mercado internacional e no mercado interno.
Netto ressaltou algumas medidas que a empresa tomou em relação aos funcionários demitidos:
— Nós fizemos isso com muito cuidado. Expandimos para seis meses o uso do plano de saúde para os funcionários demitidos e demos um salário adicional pra todos os funcionários para tentar minimizar o impacto dessa crise, que equivale a um mês de trabalho.
O diretor afirmou que apoia a posição do governo brasileiro ante ao cenário econômico atual:
— O governo tem que criar iniciativas, estratégias, definir metas para reduzir o impacto da crise no Brasil, para que as empresas possam vender e estimular o consumo, como a redução dos juros. Tem que haver essas iniciativas para que as empresas possam sobreviver.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina, por sua vez, reagiu às demissões da John
Deere. Para o presidente da entidade, a dispensa da fábrica de
colheitadeiras afeta não somente a economia do município mas de toda a região. Alcindo Kempfer reclama que em nenhum momento a direção recebeu o sindicato para negociar.
O sindicalista lembra que a empresa poderia ter tomado medidas alternativas, como férias coletivas e licença remunerada. Ele reforça que a John Deere recebe incentivos dos governos estaduais e federais e que a folha de pagamento representa apenas 6% do faturamento.
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