O 20 de janeiro já faz parte da História. Agora é hora de trabalhar. E já conhecemos o primeiro ato de Barack Hussein Obama como presidente dos Estados Unidos. Às 23h51min, ele solicitou a suspensão por quatro meses dos julgamentos dos detidos na prisão de Guantánamo, em Cuba e os juízes devem cumprir essa solicitação.

Ao longo da campanha à Casa Branca, Obama se comprometeu a fechar a prisão de Guantánamo, cuja existência foi amplamente criticada por organizações defensoras dos direitos humanos.

Nesta quarta-feira ele deve se reunir com seus assessores econômicos e militares. Pela manhã, Obama participa ainda de uma tradicional cerimônia religiosa na catedral nacional de Washington, uma tradição que remete aos tempos de George Washington.

Com os estrategistas militares, a ideia é rever a questão do Iraque. Analistas levarão ao presidente várias opções, inclusive a que propõe a retirada das tropas num prazo de 18 meses, uma promessa de campanha de Obama.

Na reunião com a equipe econômica, o objetivo é estudar formas de convencer o Congresso a aprovar seu plano de estímulo financeiro de US$ 825 bilhões. Há sinais de que a relação entre a Casa Branca e o Capitólio poderá ser menos suave do que se supunha.

Os democratas no Congresso estão divididos em várias facções. O Senado tem 58 democratas e 41 republicanos. A Câmara tem 257 democratas e 178 republicanos. E vários são significativamente conservadores na área social e em políticas fiscais.

A ideia é gerar 4 milhões de empregos com investimentos especialmente em obras públicas, uma espécie de New Deal de Roosevelt, que empregou mais de 8 milhões de pessoas nesse setor, e forte ajuda econômica em setores decisivos como a indústria automobilística. Obama planeja fazer um discurso sobre economia no dia 23 de fevereiro para dizer aos americanos que, apesar do plano de estímulo, a crise econômica ainda vai durar muito.

Outro desafio é recuperar a imagem da América. Pesam sobre ele a sombra dos anos George W. Bush, duas guerras inacabadas, a economia em recessão e a antipatia pelos EUA percebida mundo afora, principalmente no mundo árabe. Nesse último item, metade de seus assessores trabalhou no governo do ex-presidente Bill Clinton, num momento em que se chegou a avanços importantes nas negociações entre israelenses e palestinos.

O que vazou para a imprensa em Washington é que o presidente planeja uma primeira semana ambiciosa, de agenda cheia. Mas o fato é que ele continua ainda uma incógnita para o mundo. O próprio New York Times traz hoje uma análise dizendo que a transição indica um pouco de como serão esses primeiros dias de governo. Obama é centralizador na sua seleção de pessoal, aqueles que ficarão mais próximos do presidente, e bipartidário em termos de estilo.

O que o país viu de seu estilo de liderança até o momento evoca a disciplina de Bush e a curiosidade e um toque de informalidade de Bill Clinton. Obama não hesita em tomar decisões e fazê-lo rapidamente — montou sua equipe em tempo recorde. Mesmo que essa equipe não esteja completamente aprovada pelo Senado. Falta ainda Hillary Clinton, a secretária de Estado teve a aprovação complicada, depois que um senador republicano questionou doações feitas por estrangeiros para a fundação do ex-presidente Bill Clinton.

Além das reuniões, Obama e a primeira-dama Michelle devem receber centenas de pessoas comuns na Casa Branca em demonstração que seu governo será aberto e a sede do governo um lar de todos os americanos.

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