O Federal Reserve (Fed, banco central americano) quer manter a taxa de juros "muito baixa" nos Estados Unidos "durante algum tempo", e cogita realizar mais intervenções nos mercados para responder a uma crise que não dá sinais de terminar.

Os membros do comitê que fixa a política monetária dos Estados Unidos revelaram suas intenções em atas divulgadas nesta terça-feira e que correspondem à última reunião do grupo, quando baixaram a taxa básica até cerca de 0%.

Nessa reunião, perceberam uma "deterioração drástica" das perspectivas econômicas nos Estados Unidos, o que requereria manter os juros "provavelmente muito baixos por algum tempo", segundo as atas.

Além disso, o banco central americano seguirá intervindo nos mercados, e analisou os efeitos da compra de "grandes quantidades" de dívida pública, o que, em sua opinião, deveria reduzir os juros desses títulos.

Muitos dos membros do Comitê do Mercado Aberto do Fed disseram que a entidade deveria considerar ampliar suas aquisições ou lançar novos programas para estabilizar os mercados financeiros e estimular o crédito.

Queda da inflação

Nos últimos meses, o Federal Reserve começou a imprimir dinheiro adicional, que colocou em circulação por meio dos empréstimos que estendeu a uma ampla gama de empresas.

Os membros do Comitê antecipam que a inflação cairá ainda mais, devido à fraqueza econômica e à perda de valor das matérias-primas.

"Alguns membros viram riscos significativos de que a inflação poderia cair e se manter por um tempo em níveis incomodamente baixos", conforme as atas.

Nos últimos meses, os Estados Unidos registraram deflação, um fenômeno muito perigoso porque pode fazer com que os cidadãos e as empresas adiem suas compras.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) caiu 1,7% em novembro, a maior baixa desde 1947, o que colocou a taxa anualizada em 1,1%, segundo os últimos dados disponíveis.

Em vista do desempenho da inflação, o Fed baixou sua meta para os juros interbancários a curto prazo a um intervalo entre 0% e 0,25% em dezembro, uma redução maior que os 0,5% previstos pelos mercados.

Nas atas, os membros do Comitê previram que a economia americana começará uma lenta recuperação na segunda metade de 2009, ajudada pelos baixos juros e o estímulo fiscal que o Congresso deve aprovar a pedido do presidente eleito, Barack Obama.