O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, pediu hoje ao governo uma ação mais incisiva para frear o crescente número de compradores de casas que perdem suas propriedades, devido a execuções hipotecárias.

— É preciso fazer muito mais — disse Bernanke em uma conferência em Washington, ao falar dos problemas do mercado imobiliário que estão "conectados" com os fatores que empurraram a economia dos Estados Unidos a uma recessão.

Ele ressaltou que, até o fim do ano, terão sido iniciados os trâmites de 2,25 milhões de execuções hipotecárias, comparado com uma média anual de menos de um milhão antes que estourasse a "bolha" da especulação imobiliária.

Entre opções possíveis, Bernanke sugeriu que o governo adquira as hipotecas de alto risco por atacado e estabeleça mecanismos para refinanciá-las. O presidente do Fed acrescentou que precisaria que o Congresso flexibilizasse as normas do programa governamental chamado "Esperança para os compradores de casas". A iniciativa permite aos donos de imóveis com problemas refinanciar as hipotecas com garantia federal se as pessoas que contraem os empréstimos reduzirem o valor da dívida.

Além disso, Bernanke afirmou que outro mecanismo que auxiliaria seria uma redução da taxa de juros paga pelos prestatários, que atualmente está em uma média de cerca de 8%. Desde que o Fed anunciou na semana passada medidas para aumentar a liquidez do mercado hipotecário, o preço das hipotecas com juros fixos caiu para seu menor nível desde janeiro.

Esta semana, segundo a empresa hipotecária Freddie Mac, nacionalizada pelo governo do presidente George W. Bush em outubro, a taxa média em hipotecas de 30 anos com juros fixos é de 5,53%, comparado com os 5,97% da semana anterior. Isto contribuiu para um aumento de quase 150% nos pedidos de hipotecas de 30 anos com juros fixos, e de 300% nos trâmites de refinanciamento, segundo a Associação de Bancos Hipotecários.