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 | 19/11/2008 19h21min

Brasil não vai escapar ileso da crise, diz economista-chefe do Banco Mundial

Instituição quer triplicar empréstimos a países emergentes, que podem chegar a US$ 100 bi nos próximos três anos

O economista-chefe do Banco Mundial, o chinês Justin Yifu Lin, acredita que, apesar de a recessão já estar às portas das principais economias do mundo, principalmente nos Estados Unidos, países da Europa e Japão, a crise financeira exercerá no Brasil um impacto relativamente pequeno.

No entanto, ele acredita que o país não vai conseguir escapar dos impactos indiretos da crise na economia real.

— O Brasil é um país que hoje conta com um volume significativo de reservas. E em função disso eu acredito que o Brasil vai conseguir cruzar essa crise de forma relativamente satisfatória e manter ainda uma boa taxa de crescimento — disse Lin.

Para minimizar os efeitos da crise financeira internacional nos países em desenvolvimento, o Banco Mundial, por meio do Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), está disposto a quase triplicar o volume de desembolsos destinados aos chamados países de renda média, como o Brasil, afirmou Lin.

De acordo com Lin, o compromisso imediato do Bird é ampliar o volume de empréstimos para cerca de US$ 35 bilhões, ante os desembolsos de US$ 13,5 bilhões registrados no ano passado. Lin assegurou que a política de contrapartidas será mantida.

— De modo a minimizar os impactos dessa crise, o Banco Mundial dará passos concretos para ajudar os países em desenvolvimento — disse.

A idéia é que o montante atinja a cifra dos US$ 100 bilhões nos próximos três anos. Ele observou ainda que a instituição poderá dispor de outras linhas de recursos, contando com o braço financeiro (IFC), destinadas à capitalização do sistema bancário e no financiamento de Parcerias Público Privadas (PPPs).

Os recursos, segundo ele, não estão totalmente disponibilizados, mas acredita que a instituição conseguirá ampliar a oferta.

Redução das exportações

Ao proferir uma palestra na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Lin avaliou que os principais impactos da conjuntura atual para os países em desenvolvimento será a redução das exportações para os países desenvolvidos e, por conseqüência, a queda nas cotações de algumas matérias-primas (commodities) principalmente metálicas e agrícolas.

Também é esperada uma redução no nível dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED).

— Nós entendemos que a crise financeira já se tornou uma crise global. É uma crise que venceu as barreiras do mundo financeiro e partiu para o mundo real — disse.

Por isso, segundo Lin, o grande objetivo da instituição é não só ampliar a captação de recursos destinados a empréstimos, como também acelerar a aprovação de projetos, principalmente aqueles destinados à redução da pobreza e melhoria da distribuição de renda.

Barreiras comerciais

Lin enfatizou que a crise atual é a mais séria desde a Grande Depressão, nos anos 1930, e que deverá implicar a mudança do pensamento econômico, além de uma nova forma de intervenção dos governos na economia.

Ele observou ainda que o mundo terá de tirar uma lição da crise atual e criticou a intenção dos países desenvolvidos, que insistem em manter as barreiras comerciais.

— A política de barreiras ao comércio é míope, porque os países em desenvolvimento costumam ter mais dificuldade em se recuperar e estes (países desenvolvidos) não devem fazer nada que prejudique os países em desenvolvimento — afirmou.

Entenda a crise:

Agência Estado
 
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