O Brasil pediu hoje a realização de uma reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) que permita concluir as negociações de liberalização comercial antes do final do ano. O Grupo dos Vinte (G-20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes), que realiza uma Cúpula de Chefes de Estado e de Governo em Washington, pretende estabelecer este prazo em sua declaração final para encerrar as conversas da Rodada de Doha.

O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, representante do Brasil na OMC, disse que o diretor-geral desta organização, Pascal Lamy, deverá decidir os passos a serem tomados nos próximos meses.

— Espero que possa convocar uma reunião ministerial — declarou Amorim, que também destacou que "a pressão hoje em dia para que se conclua (a rodada) é muito maior que em julho".

O ministro brasileiro também afirmou que haverá uma nova reunião de chefes de Estado e de Governo do G-20 antes de 30 de abril, para dar tempo à confirmação no Senado do gabinete do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

No entanto, Amorim afirmou que a reunião "poderia acontecer antes, pois a crise não espera". Na sua opinião, a decisão da nova cúpula significa a consolidação do grupo como "instituição de tomada de decisões".

Também revelou que o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, propôs a participação do Brasil e de mais outros quatro ou cinco na próxima reunião do G8, que ele presidirá em 2009.

Lamy afirma que considera possível que os países-membros da OMC entrem em acordo antes do final do ano na redução de barreiras tarifárias para o comércio de produtos agrícolas e industriais, os dois pontos mais espinhosos.

O Brasil insistiu que o documento incluísse uma meta para concluir as conversas, por isto a versão final lhe satisfez, assim como os EUA, declarou Amorim.

O ministro de Relações Exteriores conversou com a imprensa após uma reunião com Susan Schwab, a representante de Comércio Exterior dos EUA.

O pedido de uma reunião ministerial por parte do Brasil chega quando EUA e Europa deram mostras de que desejam dar um impulso final às negociações para vencer os últimos empecilhos.

A comissária de comércio da União Européia, Catherine Ashton, declarou em Bruxelas na última quinta que um acordo final é possível "em questão de semanas.

Gráfico explica a crise: