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 | 30/10/2008 17h33min

Lula cobra voz para países pobres em construção de nova ordem econômica

Presidente brasileiro salientou que nações emergentes são vítimas e não culpadas da situação da economia mundial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigiu nesta quinta-feira, na Cúpula Ibero-Americana, que a voz das nações mais pobres seja ouvida no desenho de uma nova ordem econômica mundial, já que esses países "são vítimas, e não culpados", da crise.
O desabe dos mercados globais "não poderá ser contido sem um esforço de coordenação internacional", e "esse esforço será injusto se não levar em conta os países em desenvolvimento", afirmou o presidente brasileiro na primeira sessão plenária do encontro, que acontece em San Salvador. Lula destacou que "os países ricos não foram capazes de conter a crise", cuja resolução exige "uma maior participação dos países em desenvolvimento".

— No momento em que os países emergentes são vistos como esperança, não podemos aceitar um processo que nos exclua, pois as nações mais pobres são vítimas, e não culpados, daqueles que especulam com esperanças e vendem ilusões — declarou o presidente brasileiro.

Lula lembrou que, na segunda-feira, em uma reunião extraordinária de ministros do Mercosul, os países do bloco concluíram que "só é possível responder à crise com mais integração, mais comércio justo e menos subsídios".

Nesse sentido, voltou a apontar o dedo para as nações mais desenvolvidas e reivindicou "uma conclusão rápida da Rodada de Doha", para que o comércio internacional seja "mais justo" e seja possível contar com estímulos financeiros que impeçam o impacto da crise na economia real.

Lula também insistiu na importância de os governos recuperarem o papel do Estado, "marginalizado" pelas teses do Consenso de Washington, que, no começo dos anos 90, seguindo diretrizes de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (BM) e do Tesouro americano, deu liberdade absoluta a um mercado que se "transformou em um cassino" guiado pela especulação e a ganância.

— Não aceitamos as teses dos conservadores de que precisamos reduzir os gastos do Estado por causa da crise — afirmou.

No Brasil, disse, "vamos continuar investindo, porque aqueles que, nos anos 80 e 90, diziam que o Estado não podia ser forte e gastava muito são os que, agora, buscam o auxílio do Estado".

Segundo Lula, "o momento é de decisões políticas" que permitam "redefinir o papel do Estado", renovar o apoio aos setores produtivos e aumentar os investimentos em educação e capacitação profissional, para que, assim, sejam criadas as bases de "um mundo melhor e mais justo".

Sobre a juventude, tema central da cúpula, o presidente declarou que os governantes de hoje herdaram uma geração, criada nos anos 80 e 90, que foi "vítima" da falta de investimentos estatais em educação, saúde e emprego.

— Esses jovens são os que hoje enchem as prisões dos países de toda a América Latina e agora é muito mais caro trazê-los de volta à vida cidadã — disse Lula, segundo quem os problemas "dessa juventude esquecida não poderão ser solucionados sem uma presença forte do Estado nas periferias".

Lula também propôs que, nas próximas cúpulas, a Secretaria-Geral Ibero-americana (Segib) prepare informações detalhadas sobre os assuntos centrais de cada encontro.

— Era importante a preparação de um caderno sobre o que está sendo feito em cada país, para sairmos daqui com informações precisas a respeito, para uns copiarem os outros e termos políticas muito mais sólidas — concluiu, dirigindo-se ao responsável pela Segib, Enrique Iglesias.

Entenda a crise

EFE
 
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