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 | 29/10/2008 21h15min

Fiesp diz que decisão de manter Selic inibe restabelecimento do crédito

Presidente da CNI disse que a decisão sobre os juros foi uma atitude sensata

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou nesta quarta-feira, em nota, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%. Para a entidade, a manutenção de juros altos é uma "ação inibidora" do atual processo global de promover o retorno da liquidez, objetivando o restabelecimento do crédito.

A Fiesp afirma que o juro no atual patamar "garante aos bancos retorno certo com baixo risco, incentiva o carregamento de títulos e inibe o crédito aos múltiplos agentes".

— A manutenção da Selic em 13,75% ao ano deve ser bem recebida pela sociedade brasileira, desde que seja vista como o início de um processo de queda continuada dos juros, fator essencial à retomada do crédito evitando assim uma maior freada da atividade econômica no Brasil — afirma na nota o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

 

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que a decisão sobre a Selic foi uma "atitude sensata". Monteiro Neto lembrou que o cenário macroeconômico mudou muito desde a última reunião do Copom e os impactos da crise financeira internacional disseminaram-se com muita rapidez pela economia brasileira.

— A contração de empréstimos se agravou nas últimas semanas, com elevação do custo do crédito e redução dos prazos de financiamentos, o que está comprometendo seriamente as operações das empresas do setor produtivo.

O presidente da CNI afirmou ainda que as medidas que vêm sendo adotadas pelo governo, como redução dos depósitos compulsórios, liberação de recursos para o sistema interbancário e, agora, a interrupção do ciclo de alta dos juros, são ações corretas que buscam reduzir os impactos do "empoçamento" da liquidez. Mas, avalia, podem não ser suficientes. Monteiro Neto voltou a defender a ampliação, em caráter excepcional, do prazo de recolhimento de tributos, como uma medida adicional importante no momento.

— Essa medida tem como vantagem a horizontalidade, por atingir todos os agentes, e não exige a intermediação como no caso da liberação de compulsórios — disse, acrescentando a necessidade de adequação da política fiscal com a contenção dos gastos públicos de custeio e de pessoal.

Já a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) afirmou, também em comunicado, que foi a crise financeira internacional que interrompeu o ciclo de alta de juros que vinha sendo conduzindo pelo Banco Central (BC) e que o governo deveria retomar o caminho das reformas estruturais, em especial a reforma tributária, para dar sustentabilidade ao crescimento econômico.

"Os impactos da crise financeira mundial sobre a oferta de crédito no país, e consequentemente sobre a demanda agregada, apontam para a necessidade de se interromper o processo de alta da taxa de juros. Somente através da efetiva melhora do ambiente de negócios, via investimentos em infra-estrutura e aperfeiçoamento de marcos regulatórios, é que se promoverá o crescimento econômico e social brasileiro", afirma a nota.

Força Sindical

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, afirmou nesta quarta-feira, em comunicado, que a decisão do Copom é uma "insensatez". De acordo com Paulinho, a medida "frustra os trabalhadores, que esperavam não ser, novamente, punidos pelos tecnocratas do governo".

— No atual contexto da crise econômica internacional e seus reflexos no Brasil, o governo perdeu uma ótima oportunidade de reduzir a taxa de juros, que fomentaria o consumo, aumentaria a produção e, consequentemente, a criação de novos postos de trabalho.

Paulinho disse ainda que uma queda nos juros seria uma "ótima resposta" da equipe econômica para a turbulência mundial, que, segundo ele, "assombra a economia do país". Para o presidente da Força Sindical, a diminuição dos juros é uma "reivindicação perene" dos trabalhadores.

— Manter a taxa neste patamar elevado é penalizar o setor produtivo e os trabalhadores — disse.

Entenda a crise

Agência Estado
 
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