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 | 23/10/2008 02h40min

Análise da crise: economia real preservada

Maria Isabel Hammes, Editora de Economia

No Brasil, não há bancos quebrando. Então, qual o motivo de o governo ter adotado uma medida que possibilita uma intervenção tão drástica como a que permite a estatização de parte do sistema financeiro ao dar sinal verde ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal para comprar bancos? O caráter, no caso, parece ser menos ideológico estatizante e mais propriamente uma prevenção ou tentativa de reduzir os efeitos da crise na chamada economia real. O Brasil não tem bancos com problemas de crédito. Tem é banco com crédito travado, que, mesmo assim, provoca efeitos prejudiciais à economia.

O sistema financeiro brasileiro é classificado de “sólido” pela Austin Rating Serviços Financeiros, uma das mais principais agências de classificação de risco de crédito do país que, ontem em relatório, ressaltou que “as instituições nacionais não estão expostas aos riscos observados no Exterior”. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou que o sistema brasileiro é mais sólido do que os outros porque tem menos endividamento, é mais capitalizado e mais rentável. A teoria é comprovada também pelo fato de nenhuma instituição ter recorrido ao redesconto do BC, espécie de cheque especial dos bancos. O que houve foi que alguns bancos, de menor porte, passaram, isso sim, por problemas de liquidez.

Hoje há uma crise de confiança, um medo do chamado público mais especializado – fundos, fundações e grandes empresas –, não tanto do médio e pequeno poupador. Tem dinheiro, mas quem o tem está com receio de emprestar. A crise, acentuada pelo que os economistas chamam de empoçamento de liquidez nas mãos de grandes bancos, pode ser atenuada, na visão do governo, com a presença do BB e da Caixa. O que se quer é voltar a emprestar e atender a quem padece de falta de crédito – agricultura, indústria e comércio. Com isso, reduzir os reflexos na produção e nas vendas, em férias coletivas e na suspensão de investimentos. A falta de crédito prejudica a economia real e até bancos, com o provável aumento da inadimplência, diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

Nas últimas semanas, o BC devolveu depósitos compulsórios de R$ 160 bilhões aos bancos, criando mais alternativas de liquidez, decisão que equilibrou parte do sistema, mas não solucionou. Por isso, a medida avançou para o que Santacreu chama de “injeção de credibilidade” e pode resultar em crédito mais acessível para financiar a produção. Só se espera que no menor prazo possível.

Entenda a crise

 
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