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 | 22/10/2008 11h18min

FMI prevê crescimento de 3% para América Latina em 2008

Representante do fundo afirmou que os países da região lidarão melhor com a atual crise financeira

Atualizada às 11h18min

A América Latina e o Caribe crescerão 3% este ano, e os países da região lidarão melhor com a atual crise financeira do que em oportunidades anteriores graças à melhora de sua estrutura macroeconômica, afirmou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI).

— A previsão é que a América Latina e o Caribe lidarão melhor com os atuais choques mundiais do que em crises anteriores, o que reflete o progresso feito por muitos países para melhorar sua situação macroeconômica na última década — disse em Santiago do Chile o subdiretor do Departamento Hemisfério Ocidental do FMI, David Robinson.

A economia mundial continua sendo afetada pelos efeitos drásticos e crescentes da crise financeira e a volatilidade dos preços internacionais das matérias-primas, destacou Robinson durante um seminário organizado pelo Banco Central do Chile.

— Nestas circunstâncias, as perspectivas são de uma aguda desaceleração da economia mundial, na qual o ritmo de crescimento diminuirá para o nível mais baixo desde a recessão de 2001-2002 — declarou Robinson.

O representante do FMI ressaltou que as autoridades de vários países "têm aplicado de forma coordenada novas e significativas medidas corretivas" que conseguirão "estabilizar as condições financeiras", embora os mercados de crédito demorarão a voltar à normalidade. No caso dos Estados Unidos, o FMI prevê que a recuperação deva começar no segundo semestre de 2009 "e será mais gradual do que outras recuperações, em razão do caráter excepcional do ajuste dos preços dos ativos".

— Em geral, as economias avançadas crescerão a um ritmo também próximo de zero, pelo menos até meados de 2009 — afirmou Robinson.

"Para a América Latina e o Caribe, a atual turbulência mundial aparece emoldurada dentro de uma confluência de choques negativos", como a paralisação do mercado de crédito mundial, o enfraquecimento da demanda externa e a queda dos preços das matérias-primas.

— Isto pode repercutir de forma adversa, em círculos viciosos que afetariam, sobretudo, as condições financeiras — declarou Robinson.

Apesar de a região enfrentar a situação em melhores condições do que em crises anteriores, "ainda pesam muitos riscos adversos", principalmente "as perspectivas dos preços internacionais das matérias-primas". Mesmo permanecendo em níveis elevados, os preços poderiam cair ainda mais, como foi a experiência em desacelerações mundiais anteriores, afirmou o economista do FMI.

— Por outro lado, uma redução dos preços dos alimentos e dos combustíveis traria um alívio para alguns países, em particular para os países de baixa renda da América Central que importam matérias-primas e vários países do Caribe — acrescentou.

"Nos anos recentes", reconhece o FMI, "o nível elevado dos preços das matérias-primas foi fundamental para impulsionar o crescimento e afirmar tanto a posição fiscal quanto externa". Por isto, "uma brusca queda adicional incidiria de forma muito negativa nas posições fiscal e externa da região", razão pela qual as autoridades da região permanecem em estado de alerta. Para a América Latina e o Caribe, "é essencial velar pelo funcionamento adequado e eficiente dos sistemas financeiros", declarou o FMI.

Isto exige a adoção de medidas para conter os riscos de liquidez e de qualidade dos ativos, e "alguns países já tomaram medidas neste sentido, adquirindo várias reservas de divisas que podem ser usadas para enfrentar choques excepcionais e transitórios", acrescentou.

O FMI advertiu da importância de manter a inflação sob controle e ressaltou que os bancos centrais têm que estar em permanente comunicação com os mercados para enfrentarem os desafios com as medidas de política monetária adequadas.

Por último, Robinson alertou que as finanças públicas provavelmente serão submetidas a tensões pela necessidade de manter uma rede de proteção social mais sólida para as famílias de baixa renda, que sofreriam as conseqüências da desaceleração.

Entenda a crise

EFE
 
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