A Lojas Renner deu ontem sinais de que pode mudar seus planos devido à crise no mercado financeiro mundial. Ao transferir, de 20 para 30 de outubro, a assembléia geral que trataria da compra da rede Leader, com sede no Rio, a empresa justificou necessidade de dar mais tempo aos acionistas, após uma tentativa frustrada de renegociar o acordo.

Em comunicado divulgado ontem, a empresa informa que tentou rediscutir a proposta apresentada em setembro em virtude da "significativa deterioração e agravamento do cenário econômico e financeiro mundial". Procurada por ZH, a Renner não quis se manifestar, afirmando que a posição da empresa estava contida na nota.

A compra das 39 lojas da Leader e de 50% das operações de crédito da empresa estava acertada por R$ 670 milhões. O problema é que o valor combinado teria se tornado alto, após os efeitos da crise, explica a analista Luciana Leocadio, da Corretora Ativa.

Desde a definição do preço de compra até a segunda-feira, as ações da Renner caíram 30%. Segundo Luciana, o negócio passou a ser desvantajoso para a rede compradora, e o adiamento da assembléia pode indicar seu cancelamento. Além do descompasso entre o valor atualizado das ações das empresas de varejo e o preço de compra estabelecido, a crise trouxe maiores dificuldades de captação de recursos para o negócio. A escassez de crédito no mercado encareceu a operação.

Analista da Corretora Planner, Peter Ping Ho afirma que o momento não é propício ao endividamento. Para ele, o adiamento significa que o negócio deu um passo para trás. No entanto, não acredita que a compra será suspensa:

— A compra ainda é interessante para a Renner, que precisa aumentar sua participação em alguns setores nos quais a Leader atua.

Quando anunciou as negociações com a Leader, em março, a Renner informou não ter intenção de mudar a marca da rede a ser adquirida. Juntas, as duas empresas formariam a segunda maior rede de lojas de departamentos do país, ficando apenas atrás da C&A.

Quem são:

Conheça melhor as duas redes:

Lojas Renner
— 102 unidades
— Atua em todas as regiões do país
—  Criada no Rio Grande do Sul
— 9,9 mil empregados diretos
— 12,7 milhões de cartões de crédito emitidos

Leader
—  39 lojas
— Presente no sudeste e nordeste do país
— Surgiu no Rio de Janeiro
— 3,8 mil empregados diretos
— 3,5 milhões de cartões de crédito emitidos

Entenda a crise: