| 15/10/2008 00h50min
Os produtores de trigo estão ganhando com a recente disparada da cotação do dólar um aumento de R$ 2 no preço da saca vendida para as cooperativas e cerealistas. Um acréscimo ainda muito pequeno na opinião dos agricultores da Região das Missões que iniciaram a colheita na semana passada.
A alta do dólar foi causada pela crise na economia que se iniciou nos Estados Unidos e se alastrou ao redor do mundo. Como o Brasil importa cerca de 55% do trigo que consume, qualquer oscilação na moeda norte-americana impacta no preço do pão e das massas. Outra preocupação foi a compra do grão, no início do ano, a um valor bem mais alto do que o atual, explica Élcio Bento, analista da Safras & Mercados. E as indústrias começaram a moer o produto agora e terão de tentar equilibrar as perdas, com possível reajuste ao consumidor.
Se o incremento no preço da saca pago ao produtor irá aumentar, diminuir ou mesmo desaparecer vai depender dos rumos que a economia irá tomar nas próximas
semanas. O valor médio
no Estado, segundo a Emater, está em R$ 25,20 a saca.
— Vai depender do andar da carroça — reforça o agricultor Neri Schultz Vieira, de Vitória das Missões.
Como ontem chovia torrencialmente, Vieira e o seu filho Pedro Matheus aproveitaram o dia para preparar os equipamentos que serão usados na colheita da lavoura de trigo. A expectativa é colher 400 sacas do produto, sendo que 30% do lucro deverá ser investido no plantio da soja. Além disso, deverá ganhar outras 300 sacas de trigo usando o seu equipamento para colher a lavoura de vizinhos.
— Como vocês na cidade falam: estou fazendo caixa para financiar a soja — destaca, acrescentando que a sua principal preocupação é a influência da crise nos preços dos insumos.
Para os vizinhos, Balduíno Wentz Filho e a mulher Rosane, que deverão colher 1,4 mil sacas de trigo e têm acompanhado os noticiários, a apreensão é a herança da crise. Esse também é o receio de Roberto Haas, presidente
da Cooperativa Tritícola Regional Santo Ângelo
Ltda.
— Certamente uma das heranças será um acréscimo no já altíssimo preço dos insumos — comenta Haas.
*Colaborou Dionara Melo
GRÁFICO: entenda a crise global
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