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 | 07/10/2008 02h22min

Análise da crise: o momento mais agudo

Tombo da Bovespa é proporcional ao peso dos investidores externos

Maria Isabel Hammes, Editora de Economia de Zero Hora

Irracionalidade bem que poderia explicar (?) o comportamento do mercado financeiro brasileiro ontem, embora não destoando de boa parte do planeta. Como os mercados desabaram diante das interrogações sobre a economia da Europa e sobre a eficácia do plano de socorro aprovado nos EUA, para tentar um mínimo de lógica ao nervosismo instaurado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, foram convocados às pressas para dizer que o Brasil está preparado para resistir à turbulência.

Bem fez o governo em adotar medidas para proteger os exportadores, responsáveis por vendas de US$ 100 bilhões por ano, e não ficar refém da especulação, nem dos movimentos como o de ontem, quando os investidores de fora se desfizeram de suas posições aqui e foram fazer frente aos compromissos assumidos no Exterior ou procuraram aplicações mais seguras lá fora. O tombo da Bovespa também é proporcional ao peso que os investidores externos têm aqui. Mas, como estão indo agora, assim que as oscilações diminuírem, com certeza voltarão a aplicar nas empresas nacionais. Ninguém sabe quando, porém, já que as previsões de duração da crise vão de seis meses a dois anos.

Com a diminuição do comércio mundial, as exportações verde-amarelas vão cair em volume. Mas vai diminuir também o valor exportado porque a maior parte das vendas externas é de commodities, cujos preços estão em franca desaceleração no Exterior, o que também influencia em um câmbio mais depreciado.

Como as linhas internacionais de crédito secaram, o jeito foi arrumar a casa por aqui mesmo. Assim, o BC optou por leilões de venda de dólares com recompra futura contratada, o que garante liquidez ao mercado para repor parte do crédito - pelo menos se espera que assim ocorra. Ou seja, a medida é mais uma linha de proteção para o país. Ação acertada olhando-se que o país tem um colchão de mais de US$ 200 bilhões, acumulado nos últimos anos como uma espécie de prudente preparação para se defender quando houvesse necessidade.

Nesse esforço de tentar reduzir os efeitos da crise, que agora vive seu momento mais agudo, o BNDES também foi chamado a dar sua contribuição. Com aumentos do repasse do Tesouro ao banco estatal de desenvolvimento, mais R$ 5 bilhões serão acrescidos à chamada linha de financiamento pré-embarque.

O arsenal de medidas para estancar os impactos no Brasil deve ter seguimento conforme as necessidades, recado dado ontem pelo governo:

— Estamos preparados para tomar outras medidas.

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Entenda a crise:

 
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