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 | 27/09/2008 01h38min

Obama e McCain focam economia em debate na TV

Tema ocupou mais da metade do tempo do programa

Os candidatos à presidência dos Estados Unidos, senadores republicano John McCain e democrata Barack Obama, participaram de debate de uma hora e meia na televisão nesta sexta-feira. Um dos principais assuntos foi a economia. Os dois abordaram especialmente a crise financeira. O tema ocupou mais da metade do tempo do programa.

Obama defendeu ações rápidas para atacar os problemas enfrentados pela economia americana. Ele considera a crise atual como a mais grave desde a de 1929. O democrata disse que é preciso proteger os americanos que pagam impostos. Também criticou o governo de George W. Bush, lembrando que McCain é um dos apoiadores da administração atual.

McCain disse que tem consciência da magnitude da crise e das conseqüências para a população americana. O candidato republicano defendeu o pacote apresentado pelo governo ao Congresso. Os dois candidatos apoiaram cortes nos gastos do governo e prometeram baixar impostos. McCain disse que faria um congelamento nos gastos em todas as áreas, menos na de defesa. Obama lembrou que áreas importantes como educação precisam de mais recursos.

A presença de McCain no debate foi confirmada apenas poucas horas antes do horário marcado para o seu início. O candidato defendia que o debate fosse adiado por causa da discussão sobre as soluções para a crise financeira. O debate foi mediado pelo jornalista Jim Lehrer.

O tema, agendado há mais de um mês, era para ser a política internacional, mas os primeiros minutos foram totalmente dedicados à situação financeira dos Estados Unidos, que tem reflexos em toda a economia mundial. Pesquisas de opinião da rede de televisão CNN mostram que Obama tem 48% de intenções de votos, cinco pontos à frente de McCain, com 43%. Os outros 9% são indecisos. Confira outros assuntos abordados no debate:

Segurança nacional

Os dois candidatos concordaram nesta sexta-feira que os Estados Unidos são hoje um país mais seguro do que era antes do 11 de setembro de 2001. Mas fizeram sua afirmação inicial com seus respectivos pontos de vista.

McCain disse que um ataque da dimensão do registrado naquele dia "é hoje muito menos provável", porque o país é mais seguro do que era em 11 de setembro de 2001, mas insistiu em que "ainda resta um longo caminho para percorrer antes de declarar que os Estados Unidos são um país seguro".

Barack Obama, por sua vez reconheceu que os Estados Unidos são "mais seguros em alguns aspectos", mas insistiu em que o país "necessita prestar mais atenção em outros assuntos, como a não-proliferação nuclear e na restauração de sua imagem no mundo".

— Apesar de nos últimos anos estarmos centrados na Guerra do Iraque e gastando bilhões de dólares, Osama bin Laden não foi capturado nem a Al Qaeda desmantelada — acrescentou.

Tensão com a Rússia

John McCain acusou seu rival de "ingenuidade" em sua política em relação à Rússia.

A Rússia, segundo McCain, é um país que "cometeu uma grave agressão" contra um país vizinho independente, Geórgia, e que se encontra sob o controle da KGB — os serviços secretos — e do "apparatchik", funcionários do antigo regime comunista.

— Eu olhei nos olhos de (ex-presidente russo e atual primeiro-ministro, Vladimir) Putin e vi três letras: K, G, B — afirmou o republicano, parafraseando a frase do presidente George W. Bush, que disse que tinha olhado nos olhos de Putin e tinha visto sua alma.

McCain lançou um duro ataque contra Moscou, a quem acusou de "querer recuperar seu império" soviético e assegurou que a guerra contra a Geórgia tinha um cenário energético, devido à passagem por essa república do oleoduto Ceyhan-Tbilisi-Baku.

Obama, por sua parte, se mostrou de acordo em que Geórgia e Ucrânia devem receber "imediatamente" uma "Mapa de Caminho" para seu ingresso na Aliança Atlântica. A Otan se comprometeu durante sua cúpula do abril em Bucareste a oferecer esse plano de ingresso no futuro.

Eixo do mal

O democrata Obama defendeu seu direito, se obter a Presidência dos Estados Unidos, de sentar para negociar "com quem achar melhor e no momento que desejar", depois de McCain tê-lo o acusado de querer negociar "sem condições prévias" com líderes hostis.

— Barack Obama disse em debates anteriores que se sentaria para negociar sem condições prévias com líderes como o cubano Raúl Castro, o venezuelano Hugo Chávez, e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que hoje, por certo, na ONU falou de exterminar o estado de Israel — afirmou McCain. Obama o contestou:

— Como presidente dos EUA tenho o direito de me reunir com a pessoa que considerar, no momento que achar melhor, se com isso acho que mantenho o país mais a salvo.

Além disso, o senador por Illinois reprovou McCain que em entrevista disse há poucos dias que não sabe se se reuniria com o presidente do Governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, apesar de seu país ser um aliado da Otan.

Com relação ao Irã, Obama reconheceu que este país asiático foi ganhando influência nos últimos tempos, mas disse que é necessário que se "explore a possibilidade de iniciar contatos diplomáticos":

— Não podemos nos permitir uma guerra nuclear.

Para McCain, estes contatos com Ahmadinejad só serviriam para "dar legitimidade à plataforma de propaganda do Irã, que só procura justificar a exterminação do Estado de Israel".

Guerra do Iraque

McCain afirmou que o conflito tem sido um sucesso, enquanto Obama classificou a guerra no país árabe como um grande desperdício. O republicano, herói de Guerra do Vietnã, disse que a invasão que permitiu "trazer paz e estabilidade" aos iraquianos, e destacou que as tropas têm que voltar para casa, com "vitória e com honra". No entanto, reconheceu que o próximo presidente do país terá que decidir "como e quando as tropas vão retornar", mas McCain deixou claro que deve ser quando "o êxito militar for obtido".

O democrata insistiu em sua promessa de iniciar a retirada de tropas, de maneira progressiva e responsável, 16 meses após chegar à Casa Branca, com objeto de poder destinar recursos a outros conflitos, como o do Afeganistão, porque "a Al Qaeda ainda não foi vencida".

— A Al-Qaeda está ressurgindo com mais força que nunca, e isso sem mencionar que estamos gastando US$ 10 bilhões ao mês — afirmou Obama

McCain, por sua vez, acusou Obama de ter votado contra a escalada militar realizada pelos Estados Unidos no Iraque em janeiro de 2007, e de não reconhecer os sucessos conseguidos ao elevar as tropas para 165 mil soldados. Obama reconheceu que foi um sucesso, mas só porque permitiu "resolver o desastre que tinha sido produzido nas quatro operações anteriores".

Tributos

Os dois senadores divergiram quanto à reforma do sistema tributário. Obama disse que, se chegar à presidência, reduzirá os impostos para os americanos que ganham até US$ 250 mil ao ano, o equivalente a 95% da população. O democrata afirmou que esses cortes vão aliviar o bolso da população e farão a economia crescer, ao contrário "da política adotada até agora, de diminuir os impostos dos mais poderosos e esperar que os ganhos dos mais ricos cheguem às classes inferiores".

Por sua vez, McCain acusou seu adversário de querer aumentar os impostos, sobretudo das empresas, que, segundo disse, suportam uma das cargas fiscais mais pesadas do mundo. O republicano também afirmou que o democrata aumentaria os gastos do governo em cerca de US$ 100 bilhões com a liberação de novas emendas orçamentárias.

— Quero manter os impostos baixos — afirmou McCain, que defende a manutenção dos cortes fiscais aprovados pela administração do presidente Bush.

O candidato republicano também atacou as despesas conhecidas como "earmarks", verbas para projetos muito específicos que os legisladores incluem em projetos de lei freqüentemente não relacionados. Segundo McCain, esses recursos somam US$ 18 bilhões ao ano, e ficarão sob controle durante seu governo.

— Vou vetar cada projeto de lei que os inclua e vou denunciar seus responsáveis — prometeu.

Obama respondeu dizendo que US$ 18 bilhões é "uma quantia substancial" e que é preciso garantir que não haja mais desperdício de dinheiro público, embora essa soma não vá "devolver a saúde econômica à classe média".

"Políticas fracassadas"

O candidato democrata à Casa Branca disse que a atual crise econômica nos Estados Unidos é resultado de "oito anos de políticas fracassadas" do presidente George W. Bush, que foram "apoiadas" pelo republicano John McCain. McCain destacou que, por causa da crise, "pela primeira vez os partidos Democrata e Republicano se sentaram juntos para negociar uma solução" para a grave situação, e "não há dúvida do alcance desta crise". Ambos disseram que não estavam falando "dos bancos de Wall Street, mas do cidadão médio, que está perdendo sua casa e seu negócio".

— O importante é que vimos que os dois partidos se sentaram juntos para negociar um pacote substancioso — declarou McCain, que explicou que quis suspender sua campanha e retornar a Washington para participar das negociações a respeito do pacote do Governo para socorrer os mercados.

Obama aproveitou a primeira pergunta do debate, sobre a ajuda do Tesouro em análise no Congresso, para afirmar que, independentemente do alcance da crise, o "veredicto final é que a culpa é dos oito anos de políticas fracassadas de George W. Bush, que foram apoiadas por John McCain". O senador democrata se mostrou a favor de um pacote que fiscalize o gasto dos US$ 700 bilhões requisitados pelo governo, para que este dinheiro "não vá parar nas contas dos executivos-chefes dos bancos" resgatados.

AGÊNCIA BRASIL E EFE
 
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