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 | 26/06/2008 20h48min

Ipea nega interferência de Lula e Unger para deixar de divulgar estimativa de inflação

Segundo o órgão, as estimativas serão apresentadas só uma vez por ano com limites mínimos e máximos

O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) negou ter sofrido pressões do Palácio do Planalto para deixar de divulgar projeções para a economia brasileira num momento de alta da inflação. O órgão, no entanto, confirmou ter recebido orientações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, para se concentrar "nas previsões de longo prazo".

Na Carta de Conjuntura, divulgada a cada três meses pelo Ipea e apresentada nesta quinta-feira, o órgão não apresentou projeções sobre a inflação e outros parâmetros econômicos. A única estimativa própria do Ipea publicada no documento foi o crescimento de 5,2% no Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.

O restante do documento mostrou números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Banco Central (BC) e da Secretaria de Tesouro Nacional, sobre o comportamento da economia brasileira, de abril a junho. O relatório apresentou, ainda, algumas projeções, mas os dados eram do Boletim Focus, pesquisa semanal do BC com instituições financeiras.

De acordo com a assessoria do Ipea, o documento não divulgou as projeções porque os números que constam da Carta de Conjuntura apresentada em março foram mantidas.

Agora, segundo o órgão, as estimativas serão apresentadas apenas uma vez por ano e fornecerão limites mínimos e máximos para os parâmetros em vez de números precisos.

Apenas se as projeções não se confirmarem, o instituto lançará uma nota técnica para corrigir os dados. A Carta de Conjuntura do Ipea, no entanto, não reajustou a previsão de inflação entre 4% e 5% em 2008, embora as projeções do Boletim Focus apontem que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, encerrará o ano em 6,08%.

Por meio da assessoria, o Ipea informou que a projeção divulgada em março se refere à inflação no ano, não ao acumulado em 12 meses. De janeiro a maio, o IPCA registrou inflação de 2,88%.

O órgão, vinculado à pasta de Mangabeira Unger, informou ainda que a decisão de não revisar as projeções a cada três meses foi tomada no final do ano passado pelo presidente do instituto, Márcio Pochmann, em conjunto com a diretoria colegiada.

Conforme o Ipea, a função do órgão é fazer diagnósticos para o planejamento da economia, não divulgar estimativas.

Apesar de ter confirmado a recomendação de Lula e de Unger para se concentrar no longo prazo, a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos também negou ingerência nos trabalhos do Ipea. De acordo com a secretaria, a decisão foi tomada pelo próprio instituto, que é um órgão autônomo.

AGÊNCIA BRASIL
 
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