A manhã desta quarta-feira foi marcada por manifestações em vários pontos de Porto Alegre. O principal alvo dos protestos foram as ações políticas do governo Yeda. Por volta das 9h30min, pelo menos 14 ônibus estacionaram na Praça Lupicínio Rodrigues, atrás do Ginásio Tesourinha para dar início aos protestos.

Segundo Magali De Rossi, membro da coordenação estadual da Via Campesina, o grupo pretendia fazer uma caminhada em direção ao Palácio Piratini, mas decidiu realizar uma manifestação contra o aumento nos preços dos alimentos no estacionamento do supermercado Nacional, no bairro Menino Deus.

Após derrubarem uma cerca que protegia o local, os manifestantes tomaram conta do estacionamento. Grupos formados por estudantes, que pretendiam acompanhar o ato no Palácio Piratini, se juntou à manifestação dentro do supermercado. A Brigada Militar, que acompanhou de perto o deslocamento dos manifestantes até o estacionamento, interveio e, com balas de borracha, dispersou o grupo. O coronel Paulo Roberto Mendes, comandante-geral da BM em exercício, que estava no local, classificou o incidente como uma "baderna".

— É uma situação complicada, uma baderna generalizada provocada por gente desocupada. A BM vai tomar atitude muito firme — disse.

Em meio à empurrões, gritos e correria, 12 pessoas foram detidas. O carro de som que seria utilizado pelo grupo para protestar contra a governadora Yeda Crusius foi recolhido pela polícia.

De acordo com Magali, o grupo pretendia realizar uma manifestação pacífica.

— Iríamos fazer uma celebração durante meia hora contra o preço abusivo dos alimentos. Pretendíamos cantar músicas e erguer símbolos como sementes, flores, bolas e brinquedos. Depois de meia hora, seguiríamos a marcha — garantiu.

Após o controle da situação no supermercado, os manifestantes seguiram em caminhada até o Palácio Piratini, porém, no meio do percurso, optaram por fazer uma parada no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Sempre acompanhado por policiais, o trajeto foi marcado pela tensão. Não demorou para que o clima hostil desse início a um novo confronto. Os manifestantes estariam bloqueando a entrada do prédio do Tribunal Regional Federal e os integrantes da Brigada intervieram mais uma vez.

Houve troca de agressões e os policias utilizaram bombas de efeito moral para conter os manifestantes, que se defendiam arremessando pedras. Após muita correria, que se alastrou por vários pontos do parque, o confronto foi controlado. Com os ânimos contidos, Brigada Militar e manifestantes optaram por um acordo: o grupo não será identificado pelos policiais, mas se compromete a encerrar os protestos de forma pacífica. Até as 14h30min, o grupo permanecia no parque.

Ao todo, oito homens e quatro mulheres serão autuados em flagrante e serão encaminhados ainda hoje ao Presídio central e à Penitenciária Madre Pelletier.