Notícias

 | 07/06/2008 20h18min

Humberto Trezzi: Mendes, favorito para chefiar a BM

Só um ciclone extratropical de última hora pode ofuscar a estrela ascendente do coronel Paulo Roberto Mendes rumo ao comando da Brigada Militar.

Mendes, atual subcomandante da BM, é o favorito da governadora Yeda Crusius, que com ele tem despachado diretamente nas questões envolvendo conflito agrário. Acontece que Yeda não é militar e sabe que a BM tem muitos coronéis, divididos em facções. Tem consciência também de que não pode melindrar o secretário estadual da Segurança Pública, José Francisco Mallmann, que era compadre do coronel Nilson Bueno, o comandante da BM que acaba de pedir afastamento do cargo.

Mallmann preferia que Bueno continuasse no cargo. Além da amizade, confia no coronel. Foi atropelado pelos fatos, já que Bueno está denunciado na Justiça Militar por suposto uso indevido de diárias nos deslocamentos para sua terra natal, Santo Ângelo.

A 2ª Auditoria Militar teria inclusive sugerido a saída de Bueno do cargo, por não considerar bom ver a tropa chefiada por uma pessoa com complicações na Justiça. Bueno preferiu sair, para não constranger ainda mais um governo abalado por seguidas denúncias numa mesma semana.

O coronel Bueno poderia ter optado por ficar, alegando precedentes. O seu antecessor no comando da BM, coronel Edson Ferreira Alves, atuou como comandante enquanto respondia na Justiça Militar por prevaricação. Era suspeito, entre outras denúncias, de ter tolerado que subordinados seus assassinassem dois delinqüentes que mataram uma tenente durante um assalto, em 2001. Alves trabalha hoje na Casa Militar.

O problema é que a denúncia contra o coronel Bueno envolve malversação de dinheiro — frase que causa alergia aos atuais ocupantes do Palácio Piratini, acossados por uma CPI. Yeda aceitou a exoneração do comandante, prontamente, mesmo contra a vontade do secretário Mallmann. Bueno, por ser um "caxias" (rigoroso, no jargão da caserna), não era exatamente popular entre os comandados. Até por ter se oposto publicamente ao pagamento de horas-extras para batalhões que se destacassem nas vistorias de veículos e também por ter ordenado a substituição dos principais oficiais da Serra após a denúncia de que PMs de Flores da Cunha teriam torturado o parente de um suspeito de homicídio. Foi visto, por muitos, como alguém que joga contra a tropa.

Perfil diferente tem Mendes, um sujeito que gosta de ir pessoalmente nas barreiras e na caçada a delinqüentes, para animar os praças. Sábio porque velho, Mendes aguarda calado os próximos passos. É o favorito, mas surpresas não são difíceis nesse governo.

humberto.trezzi@zerohora.com.br
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.