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 | 03/06/2008 12h17min

Presidente da Argentina diz que problema da crise alimentar é distribuição

Cristina Kirchner discursou na cúpula de segurança alimentar da ONU, iniciada nesta terça, dia 3, em Roma

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse nesta terça-feira, dia 3, que a grande causa da crise alimentar se deve à má distribuição, e não apenas ao problema da produção. Ela fez a afirmação durante seu discurso na cúpula de segurança alimentar organizada pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), iniciada hoje em Roma.

– O principal problema é o da distribuição e acesso das diferentes comunidades aos alimentos a preços sustentados – disse a presidente argentina.

Ela culpou ainda a "política protecionista" feita há anos por "países centrais" – em referência aos desenvolvidos –, "e que se apropriaram dos recursos dos demais".

Em seu discurso, Cristina afirmou que "todos os países estão de acordo" quanto à existência da crise alimentícia, mas que existem "divergências sobre quais são as causas" e previu que "haverá diferenças entre os Estados na hora de enfrentar o problema".

Foi então que a presidente da Argentina declarou que, segundo sua opinião, a principal causa desta crise não é um problema de produção de alimentos, e que também não se deve culpar o surgimento de novas potências como China e Índia.

Para Cristina, o problema se agrava diante do "caráter oligopólico" existente em alguns canais de distribuição, na concessão de patentes e no acesso às tecnologias.

Outro dos elementos denunciados pela presidente argentina foi o forte "movimento especulativo" criado após a crise de créditos hipotecários e que atingiu principalmente o setor das matérias-primas, não só agrícolas, e o mercado do petróleo.

Cristina também afirmou que os "países centrais" emitem uma mensagem de livre-comércio e negam o protecionismo. No entanto, lembrou que, na realidade, países em vias de desenvolvimento como a Argentina têm muitas dificuldades para chegar aos grandes mercados.

Ela propôs um plano de cooperação em vários níveis, com ajudas aos países que não têm possibilidades de produzir e são só exportadores, e com investimentos em países como a Argentina, capazes de produzir não só matérias-primas, mas também tecnologia.

– A Argentina produz quase 100 milhões de toneladas de produtos agrícolas e temos certeza de que podemos chegar a 150 milhões, mas para isto precisamos valorizar nossos produtos – acrescentou.

Para Cristina, é necessária uma urgente mobilização para evitar que no século 21 se repitam "cenas terríveis" de cidadãos que brigam por um prato de comida.

Além disso, ela denunciou algumas medidas tomadas por organismos internacionais e citou o exemplo do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao recomendar ao Haiti, que chegou a ser um dos maiores produtores de arroz do Caribe, que abandonasse a produção do cereal.

A interrupção provocou o afundamento da economia haitiana, e agora o país nem mesmo pode ser considerado emergente.

AGÊNCIA EFE
 
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